Testosterona, uma aliada do cérebro!
Ele sempre foi tido como sinônimo de masculinidade e de todas as
ideias, estereotipadas ou não, que tornam os homens mais homens - apesar
de as mulheres também secretarem doses dessa substância. Agora, a
testosterona, sempre associada à força bruta, também se tornou o
hormônio da inteligência. É que pesquisadores da Universidade de Nova
York, nos Estados Unidos, em parceria com colegas da Universidade de
Tsukuba, no Japão, mostraram que a di-hidrotestosterona, ou DHT - uma
espécie de parente da personagem principal deste texto -, auxilia na
produção de novos neurônios, melhorando a memória e o aprendizado. E,
para aumentar naturalmente seus níveis no cérebro, é preciso suar a
camisa.
Na pesquisa, ratos machos castrados foram submetidos a sessões de
corrida numa esteira. Mas alguns dos bichos receberam a injeção de uma
substância que inibe a ação da DHT no cérebro. Tudo para evitar que,
caso ela fosse fabricada, surtisse qualquer efeito. No final das contas,
os animais que malharam, mesmo sem testículos, a maior usina do
hormônio, apresentaram altas taxas de di-hidrotestosterona no sistema
nervoso e, assim, mais neurônios novinhos em folha no hipocampo, o
repositório de lembranças. Já nos roedores que tiveram a ação da DHT
bloqueada não houve o milagre da multiplicação de células nervosas, a
neurogênese.
"O segredo foi melhorar o condicionamento físico dos ratos de modo
gradual", revela Bruce McEwen, um dos autores do estudo. "Isso porque
forçá-los a correr demais inibia a neurogênese no cérebro." Fabiano
Guimarães Novaes, mestre em neurofisiologia pela Universidade Federal de
São Paulo, diz que exercício além da conta leva a desgastes. "A
liberação excessiva de radicais livres durante a atividade gera danos e
pode levar à morte de células." Inclusive as nervosas.
Ainda não se sabe se o estrogênio, hormônio feminino por excelência,
também auxiliaria o cérebro. McEwen especula que sim. "Esse trabalho
ainda está em andamento." Para Alexandre Hohl, presidente do
Departamento de Endocrinologia Feminina e Andrologia da Sociedade
Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, essa é mais uma evidência de
que sacudir o esqueleto é crucial: "Ter hormônios agindo no cérebro é
uma nova visão do exercício e de seus benefícios".
Lá na cabeça
Entenda como a testosterona contribui para a produção de novos neurônios
1. Foi dada a largada Os exercícios estimulam a hipófise, glândula que
envia o comando para que a testosterona seja liberada. A atividade
física também pode fazer com que substâncias como o colesterol se
transformem na di-hidrotestosterona, que, em seguida, vai direto para o
cérebro.
2. Geração de células No hipocampo, área da massa cinzenta responsável
pela cognição e por armazenar lembranças, a di-hidrotestosterona ajuda a
promover a fabricação de células nervosas zero-bala.
Libido aquecida
Um dos efeitos da testosterona no corpo é exatamente o de aumentar o
desejo sexual em homens e mulheres. "Mas em um nível fisiológico. Não
adianta tentar forçar o organismo", lembra Ivan Pacheco, diretor da
Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte. Para manter a
libido acesa, e a silhueta enxuta, a recomendação é seguir uma dieta
equilibrada, além de, claro, fazer exercícios regulares.
FONTE:http://saude.abril.com.br/edicoes/0357/medicina/testosterona-aliada-cerebro-724273.shtml