sexta-feira, 25 de julho de 2014

ABACO / RAPÉ

O texto abaixo é do irmão espiritual Antoine Yan Monory, publicado na sua Revista : "Flor das Águas "

O TABACO

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O Tabaco é uma planta forte, consideradada como uma "planta de poder" (ou relacionada com o uso de outras destas), de caráter mágica, originária das Ameríndias justamente. Assim, quando os companheiros de Cristovão Colombo desembarcaram em 1492 na ilha de Cuba, eles viram com curiosidade os indígenas fumarem pelas narinas curiosos cilindros de folhas enroladas...eram os ancestrais dos "havanas".
Intrigados, eles quiseram imitar os índios e na sua volta na Espanha foram encarcerados por bruxaria .(acreditou-se que só podia ter feito um pacto com o diabo quem conseguisse assoprar fumaça pelo nariz !)
Depois em 1556 que o padre francês, André Thévet introduziu e começou a cultivar o tabaco no sul da França..., alguns anos depois, o embaixador da França em portugal (Jean Nicot, do qual o nome os botanicos escolheram para denominar cientificamente esta planta) mandou uma amostra de folha empó para a rainha Catherine de Médicis, o que aliviou as suas dores de cabeça o usando em forma de rapé.
Dai, se tornou a "Erva da rainha", e tomou pelo seguimento da história uma carreira de medicamento para diversos usos, sendo que depois acabou por ser descartado e se tornou uma "droga": as pessoas usavam muito na forma de rapé, e foi em 1586 que apareceu o uso do cachimbo na Inglaterra. espalhou-se deste ponto, de forma descontrolada, sendo também monopolizado a sua produção pelos estados, o que rende muito dinheiro atualmente ainda.
No nosso mundo nativo americano, o Tabaco era e é usado de várias formas, seja fumado em cachimbo ou charuto, em forma de rapé, mastigado ou ingerido (seja para vomitórios de limpezxa ou para outros fins), e eaté em forma de enemas (uma forma de absorção anal das plantas de poder que evita transtornos estomacais e digestivos, sendo que esta forma de uso já era praticada medicinalmente pelos próprios astecas).
O livro de Pierre Chaumeil nos diz :
"Presente em toda cura, a fumaça do tabaco é a panacéia da medicina tradicional "Yagua". se utiliza aliás a nicotina para destruir a "filaria" (Filariose (ou Elefantiase) é a doença causada pelos parasitas nematódes Wuchereria bancrofti, Brugia malayi e Brugia timori, que se alojam nos vasos linfáticos causando linfedema) . O suco do tabaco é bebido puro ou misturado a outras substâncias enteógenas para produzir ou modificar o transe.
Assim, dentro do mundo xamãnico, ele tem um lugar importante, sendo um elemento de troca e ligação com o mundo sobrenatural, e presente em toda a sessão de cura deste gênero em alguns povos, seja fumado em charuto ou cachimbo. A fumaça é considerada, de modo geral,e particularmente a de tabaco, a "via" ou caminho pelos qual os espíritos, no sentido largo, se movem ( a fumaça é associada a água, que é o caminho do povo d'agua, sendo esta o "Caminho das almas, da mesma forma, a fumaça é associada a Via Láctea e as nuvens).
A fumaça do cachimbo é considerada, por muitas tribos (senão todas) e culturas primitivas como o "sustento divino" dos deuses e dos sêres sobrenaturais, sendo seu alimento espiritual e essencial. É assim atribuído a mesma necessidade desta aoss xamãs como a eles, tendo sido criado uma relação de interdependência entre os humanos e os seres espirituais.
Nos Waraos, da venezuela, a única planta enteógena usada pelos xamãs é o Tabaco. eles fumam incessante quantidades para cumprir a promessa primordial feita aos deuses e como meio de comunicar-se e de viajar para outro mundo. É contruído com fumaça de Tabaco as casas espirituais que eles irão morar apósa morte.
O Tabaco pertence a família das solanaceas, da qual pertence, por exemplo a Beladona, sendo que existe até quarenta e cinco espécies. Estes dois tipos Tabacum e Rústica, são plantas híbridas, criadas originalmente nas regiões dos Andes e espalhadas pelos dois continentes.. O último tipo é o mais forte, é o tabaco próprio dos xamãs. Seria o sagrado "Peciél" da medicina asteca, e o antigo "Petum" do Brasil. No mundo primitivo antigo era totalmente desconhecido o uso do Tabaco pelo bel prazer. Se trata de um "enervante" ritual e muito sagrado. Ao contrário das outras planntas psicodélicas pela maioria, o Tabaco tem um caráter aditivo psicológico, e até físico. O que é reconhecido pelas testemunhas indígenas, mas sendo um aliado primordial dos xamãs, e não se trata de uma adição em termos atualmente conhecidos em nossa sociedade.
Ekle é usado, as vezes, de forma parecida a Coca, mastigado para aliviar a fome cansaço É usado medicinalmente para também clarear as idéias e tirar a dor de cabeça.
Ele é muito presente no mundo dos ayahuasqueiros, e até na própria preparação da ayahuasca (lembremos o sentido do nome, o Vinho da Alma), são consagradas ou imantadas tanto a panela como cada camada de cipó e folhas com umas baforadas de fumaça.
Nos índios Huichols, no México, ele é associado ao uso do Peiote, sendo que, ao que parece, uma forma de purificação prévia. É igualmente queimado em forma de incenso como oferenda ou para defumação. E é também soprado aos quatro pontos cardeais em sessão xamânica.
Lembremos do ritual do "Cachimbo da Paz", em que ele (ou outras plantas) é fumado ritualmente, passando o cachimbo de um a um, estabelecendo uma corrente harmonia e união entre os participantes. A própria preparação dos cachimbos pelos xamãs segue todo um ritual, e esta pode demorar muitos e muitos dias. É fabricado tanto pelas mulheres como pelos homens.
Sabemos que o famoso xamã "Mestre irineu" as vêzes usava um charuto nas suas sessões, e devia ser especial...
No mundo afro-brasileiro e na Umbanda ele é muito presente também, sendo a planta dos Pretos-Velhos, que fumam em cachimbo, enquanto os caboclos de pena preferem os charutos, isto não sendo uma regra fixa. A fumaça é usada justamente nos passes, ajudando a efetuar as limpezas fluídicas de cargas negativas.
O ato de fumar, além de atuar como uma defumação, tem alguma função no próprio trabalho de incorporação da entidade, promovendo uma ligação com o plano astral (como pudemos ver anteriormente) , e facilitando o assentimento da energia espiritual no médium, além de ser um objeto de referência da entidade neste trabalho. Isto não é uma regra, e o uso do tabaco não é necessáriamente condizente com a mediunidade em sí, além de ser no caso o uso restrito a alguns tipos de entidades. Na verdade podemos reparar que o Tabaco traz com ele neste trabalho uma energia mais densa de alguma forma, mas pesada e de uma forte ligação com a terra, de "pés no chão" ( e a cabeça no espaco0, e assim lida adequadamente com energias mais pesadas...Lembremos da história da Helena Blavastsky, uma das fundadoras da Teosofia, que fumava cigarro para ficar em terra.
Bem a planta em sí é bonita, forte, de finas flores cor de rosa contrastando com uma certa aspereza das folhas; é justamente uma planta dos Pretos-velhos, e podemos tomar um banho destas se quisermos entrar em contato com esta energia, ou para outra finalidade. Porém não podemos usar o banho das folhas na cabeça, sendo as folhas mais de descarretgo, e até do povo-da-terra.
É uma planta de proteção que afasta a cobra dos quintais aonde é plantada; da mesma forma que ela protege quando se anda na mata, além de repelir insetos (fumando).
Agora temos que diferenciar bem o uso dessa planta em rituais, ou de um uso moderado e/ ou para algum fim mais condizente com a espiritualidade em nossa vida do uso comum que se dá no mundo com os cigarros industrializados. O cigarro é feito, podemos dizer "de cara" para viciar e alimentar vício.

RAPÉ

O rapé tem seu uso igualmente interessante. dentro da tradição indígena, o seu uso enquanto psicodélico ativo é feito em alguns casos, ingerindo quantidade relativamente importante graças a tubos de ossos eou madeira, sendo que uma pessoa sopra nas narinas da outra, dando um efeito poderoso. É também misturado com outrs plantas, e diferentes plantas psicoativas são usadas desta maneira nas culturas primitivas.
os caboclos usam rapés opara entrar na mata para se harmonizarem com os seres da floresta.
Seu uso mais comum atualmente é o rapé simples, e o associado a outras plantas. Assim a receita amazônica popular contém muitos outros ingrediantes como a Buchinha do Norte (sinusite), cravo, canela, cumaru-de-cheiro, copaíba, noz moscada e muitas outras. Cada um na verdade faz sua própria receita. Os ingredientes são torrados e faz-se um pó mais fino possível.

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