A partir do século IX, a “sociedade tripartite” se estabeleceu, com o mundo dos religiosos (clérigos e monges) separado do mundo laico, e este sendo dividido entre aqueles que guerreavam, ou seja, a nobreza – a quem também fica reservada a prática da caça, pois havia uma associação entre caça e guerra – e aqueles que trabalhavam (sobretudo em atividades agrícolas), ou seja, os camponeses.
Referência Bibliográfica
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Medicina medieval – A dietética antiga |
A DIETÉTICA ANTIGA: Os cuidados com o corpo entre a saúde e a alimentação
A medicina da Antiguidade era constituída por três ramos fundamentais: a cirurgia, a farmacologia e a dietética. Esta última abordava questões amplas relacionadas a: alimentação, exercícios corporais, trabalho, banhos, sono, atividade sexual e excreções (por exemplo, a prática de vômitos e purgações para curar as doenças e manter o corpo saudável, prevenindo doenças).
Nesse sentido amplo, a dieta, na Antiguidade, só estava disponível às pessoas mais ricas, que tinham tempo e dinheiro para dedicar à sua saúde. Os mais pobres recorriam a remédios e, se necessário, cirurgias, mas poderiam receber instruções gerais e breves sobre a alimentação, que sempre deveria ser compatível com o trabalho da pessoa: a ideia, ainda muito atual, era a de que o que a alimentação acrescentava ao corpo era subtraído pelo trabalho ou por exercícios físicos.
Junto aos conhecimentos de dietética se desenvolveu a medicina humoral. A teoria era de que nosso corpo é formado por humores (ou temperamentos), que devem estar em equilíbrio. A doença era considerada um desequilíbrio dos humores do corpo e, então, a tarefa do médico seria a de restituir a saúde do paciente, equilibrando novamente seus humores.
Esse tipo de medicina exigia conhecimento em dois aspectos: primeiramente, era preciso conhecer o corpo do paciente, pois as dietas eram sempre personalizadas (de acordo com a idade, o trabalho, o modo de vida, etc); depois, era preciso saber quais eram as propriedades específicas dos alimentos. Aos médicos da Antiguidade era necessário saber como tornar os alimentos mais saudáveis e ter um conhecimento polivalente das áreas médicas, do corpo ou da natureza humana, dos temperamentos, de farmacologia, de exercícios físicos… E até a astrologia poderia interferir na dieta prescrita a um paciente!
As teorias dietéticas permaneceram fortes desde o século V a.C. até o século VI d.C. e não se observaram, segundo o historiador Innocenzo Mazzini, muitas mudanças nessas teorias, apenas atualizações, agregando-se novos alimentos às considerações anteriores. Hipócrates, Galeno e Antimo foram alguns dos médicos que mais se destacaram. Para nós, a medicina humoral pode parecer distante e até sem muita lógica, mas, naquela época, as dietas receitadas com base nos temperamentos das pessoas se revelavam, muitas vezes, a única medicina eficaz. A importância que os médicos da Antiguidade davam à alimentação na busca da cura ou manutenção da saúde fica clara na colocação de Galeno, em De alimentorum facultatibus: “Não temos necessidade o tempo todo de outras ajudas, mas sem a alimentação nem os homens saudáveis, nem os doentes, poderiam viver.”
Referência Bibliográfica
MAZZINI, Innocenzo. “A alimentação e a medicina no mundo antigo” IN: FLANDRIN, J. e MONTANARI, M. História da alimentação. São Paulo: Estação Liberdade, 1998.
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