Anabolic Burst Cycling of Diet and Exercise (ABCDE)
Segundo muitos que arriscaram esta
metodologia, ela é tão eficiente quanto o uso de esteróides anabólicos, existem
relatos de ganhos superiores a cinco quilos de massa muscular e reduções
significativas de gordura corporal em atletas com vasta experiência em
musculação, tal teoria é denominada Anabolic Burst Cycling of Diet and Exercise
(ABCDE) e foi desenvolvida pelo sueco Torbjorn Akerfeldt, da Universidade de
Uppsala.
Para introduzir esta teoria devemos
começar na pré-história, onde nossos antepassados, lutavam pela sobrevivência.
Devido a dificuldade de manter uma dieta constante, causada pela irregularidade
do suprimento de alimentos, o organismo humano adquiriu uma incrível capacidade
de alterar seu metabolismo frente às situações atuais de ingestão alimentar. Por
exemplo, ao conseguir abater grandes animais, nossos ancestrais se manteriam
durante dias em uma dieta rica em calorias provenientes principalmente de
proteínas e gorduras, mas nos dias subseqüentes a sorte poderia não ser tão
favorável e eles seriam obrigados a se alimentar do que encontrassem,
provavelmente frutas e raízes, o que causaria inevitável redução na ingestão
calórica. Sendo assim, o organismo faria o possível para aproveitar a
disponibilidade de alimento, armazenando-o de todas as formas possíveis, através
de liberação/produção aumentada de hormônios e enzimas. Como nossas
características genéticas pouco se alteraram nesses milhares de anos, nosso
organismo provavelmente ainda pensa como se fossemos nômades. Esta facilidade de
adaptação seria um problema para as dietas convencionais pois causaria uma
resposta menor nos níveis hormonais e enzimáticos a longo prazo.
Diante de uma superalimentação, ou alta
ingestão calórica, ocorrem diversas reações metabólicas que levam ao maior
acumulo de reservas alimentares a curo prazo. Em algumas pesquisas (CHIANG, et
al, 1988; ODDOYE, et al, 1979 ) verificou-se que o favorecimento do anabolismo é
mais relacionado a superalimentação em si do que com o tipo de macronutriente
ingerido. Por exemplo, CHIANG, (1988) revelou que o aumento de 15% na quantidade
de calorias ingeridas elevou a retenção de nitrogênio de 7,2 mg/Kg/dia para 23,8
mg/Kg/dia, quando o aumento das calorias foi de 30% a taxa de retenção de
nitrogênio subiu para 33,3 mg/Kg/dia, detalhe é que nesta dieta a quantidade de
proteínas foi mantida em 1,25g /Kg/dia, o que para muitos é considerado baixo.
Para Torbjorn, os resultados ocasionados pelas dietas hiperproteicas,
hipergilicídicas e até mesmo hiperlipídicas, são aparentemente devido a mudança
nos hábitos alimentares e não ao tipo de dieta propriamente dita.
A partir destas duas bases,
superalimentação e adaptação metabólica, Torbjorn montou sua teoria ABCDE, a
qual consiste em alternar duas semanas de alta ingestão calórica com duas de
baixa ingestão. O período de duas semanas foi encontrado a partir de resultados
do estudo de FORBES et al (1989) onde um aumento de 1.200 a 1.600 calorias
ocasionou elevação de IGF-1, testosterona e insulina, sendo que a última dobrou
em 14 dias, porém após o 14° dia de superalimentação as taxas destes hormônios
voltaram a cair. Ao final da pesquisa - que não incluiu musculação em sua
metodologia e foi realizada em mulheres - os indivíduos ganharam em média entre
1,5 e 3 quilos de massa magra, além é claro de alguns gramas de gordura. JEBB et
al (1996) realizou em estudo em homens e verificou ganhos médios de 2 quilos de
massa magra e 0,9 de gordura em apenas 12 dias quando submetidos a dietas
hipercalóricas (3.600 kcal). Após estes doze dias, os indivíduos foram
submetidos a restrição calórica (consumindo somente 1.000 kcal por dia) e
perderam em média 2 quilos de gordura e apenas 1 de massa muscular. Calculando:
gordura = 0,9 – 2 = -1,1 Kg; massa magra = 2 – 1 = 1 Kg. Ou seja, ao final havia
1 quilo a mais de massa magra e 1,1 a menos de gordura que no início (sem
atividades físicas incluídas na metodologia)!! A sobrealimentação se mostrou
mais anabólica do que o treinamento com pesos propriamente dito. O que passa na
cabeça de muitos nesse momento é: imagina se eles praticassem musculação!!
Podemos supor que o aumento na massa magra durante a superalimentação não é
necessariamente devido ao aumento na massa muscular porém um estudo de DÉRIAZ et
al (1992), comprovou o contrário.
Um dos mecanismos fisiológicos destes
ganhos seria respondido pela teoria do bag stretching. Durante a fase de
saturação do método ABCDE as células ficam cheias com glicogênio, água,
aminoácidos e gorduras. De acordo com HÄUSSINGER (1990 e 1993) e MILLWARD (1995)
neste estado as células se "esticam", aumentando de tamanho, o que causa um
remodelamento do tecido conectivo e favorecendo o crescimento da fibra muscular.
Após a célula estar "cheia" e as condições hormonais forem favoráveis, podem,
segundo Torbjorn Akerfeldt, acontecer duas coisas: aumento das proteínas
contráteis (actina e miosina); e a ativação de células satélites e conseqüente
aumento do número de núcleos celulares. Considerando que o DNA está presente no
núcleo celular e que é a partir dele que se forma o RNAm, o qual , por sua vez,
comanda a síntese protéica, então ...
A recomendação de Torbjorn Akerfeldt
para encontrar o total de calorias no período de supercompensação é que se
multiplique o peso corporal por 27 e some o total com 1.500 (por exemplo se você
pesa 90 quilos, 90 x 27 + 1.500 = 2430 + 1500 [arroba] 4.000 kcal). Na fase
hipocalórica a ingestão de calorias é igual ao produto do seu peso por 18 (90 x
18 = 1.600 kcal). Estes números são médias e podem variar muito, dependendo do
metabolismo e do tipo de atividades diárias, caso não ocorra ganho de peso na
fase hipercalórica Torbjorn Akerfeldt recomenda acrescentar 500 calorias diárias
a dieta, se não ocorrer a redução ponderal na outra fase, a recomendação é
reduzir a ingestão calórica em 300 calorias. Durante a fase hipocalórica deve-se
tomar cuidado com a hipoglicemia, a recomendação é: distribuir bem suas
refeições em pequenas e numerosas porções ao longo do dia. Outra indicação do
sueco é a ciclagem de proteína durante a fase hipocalórica, alternando três dias
de baixa ingestão (1 a 1,2 g/Kg) com três de alta ingestão (2 a 2,5 g/Kg).
Para Torbjorn Akerfeldt deve-se ajustar
o treino de acordo com a dieta, ou seja, treinar pesado na fase hipercalórica e
diminuir a intensidade na hipocalórica. O cientista não recomenda esta dieta
para obesos, usuários de drogas que afetem o sistema endócrino ou portadores de
disfunções endócrinas ou metabólicas que possa ser agravadas pelo sistema ABCDE.
A teoria de Akerfeldt é muito
interessante e eficiente na maioria dos casos, mas existem pontos que eu não
concordo como a necessidade de exercícios aeróbios, realizados preferencialmente
em jejum pela manhã, recomendando inclusive a ingestão de cafeína (ver Malhar em
jejum)
Na fase hipercalórica o sueco recomenda
alongamentos intensos durante o treino, esta aí mais um ponto de discórdia, pois
tais alongamentos, podem teoricamente levar a lesões. O alongamento é
comprovadamente útil no processo de hipertrofia, porém deve ser feito
racionalmente (ver Alongamento e hipertrofia).
A dieta ABCDE parece ser muito boa para
pessoas predominantemente ectomorfas (magras) e, em alguns casos, mesomorfas,
mas deve ser evitada por endomorfas. Estou apresentando uma teoria relativamente
nova e que pode parecer absurda para alguns e ao mesmo tempo atraente para
outros. Não pretendo que teorias mostradas por mim sejam tidas como verdade
absoluta ou a solução de todos os problemas. Só conhecendo o nosso corpo e as
diversas maneiras de estimulá-lo é que teremos nossos resultados otimizados.
Lembre-se: use as informações com
responsabilidade e senso crítico e procure um profissional antes de submeter-se
a qualquer dieta ou programa de atividades físicas.
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- HÄUSSINGER, D., et al., "Cell Swelling Inhibits Proteolysis in Perfused Rat Liver," Biochem. J. 272.1 (1990) : 239-242.
- HÄUSSINGER, D., et al., "Cellular Hydration State: An Important Determinant of Protein Catabolism in Health and Disease," Lancet 341.8856 (1993) : 1330-1332.
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- MILLWARD, D.J., "A Protein-Stat Mechanism for Regulation of Growth and Maintenance of the Lean Body Mass," Nutr. Res. Rev. 8 (1995) : 93-120.
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No combate à gordura, todas as armas
parecem atraentes, desde as práticas mais simples até as mais sacrificantes,
como os treinos em jejum. A realização de exercícios antes do café da manhã já
era pregada há muito tempo, mas ganhou maior popularidade com o livro Body for
Life, de Bill Phillips.
Jejum e cérebro
O cérebro é um órgão extremamente
ativo, apesar de constituir cerca de 2% da massa total de um adulto, ele é
responsável por quase 15% de nosso gasto energético de repouso, em torno de 7,5
vezes mais que os outros tecidos. Tamanha demanda metabólica é devida
principalmente à condução de impulsos nervosos, pela bomba de sódio-potássio.
Por que estou tocando nesse assunto? Porque, em condições normais, essa demanda
energética é suprida pela glicose sangüínea, e supõe-se que o jejum possa afetar
negativamente o metabolismo cerebral.
Em condições normais os níveis
sangüíneos de glicose ficam em torno de 80-90 mg/100 ml. Quando permanecemos em
jejum, inicia-se a gliconeogênese, com mobilização das reservas de carboidratos
do fígado. Ocorre, em seguida, o catabolismo das proteínas que são diretamente
utilizadas pelos tecidos ou convertidas em glicose. Após esta fase de utilização
de proteínas e carboidratos, prioriza-se finalmente a mobilização da gordura,
com a formação de corpos cetônicos, que podem atravessar a barreira
sangue-cérebro e serem utilizados como energia. Se o jejum prosseguir por muito
tempo, intensifica-se novamente o catabolismo protéico, desta vez de forma mais
acentuada e danosa.
Em repouso, um organismo saudável pode
se adaptar ao jejum com certa facilidade, mas diante de uma demanda metabólica
elevada, como nos exercícios a situação pode não ser tão simples. Muitas pessoas
não conseguem se adaptar de forma eficiente e o organismo procura se proteger
induzindo desmaios. Além dos perigos envolvidos nos desmaios, há um muito mais
grave: danos neurais permanentes. Isto significa que se o a adaptação não for
rápida e eficientemente, seu cérebro pode ser gravemente lesado (AUER, 1986;
AUER et al, 1993; DE COURTEN-MYERS et al, 2000; DOLINACK et al, 2000; NEHLIG,
1997).
Jejum e queima de gordura
Diversos estudos têm mostrado que a
realização de exercícios em jejum leva a economia de glicose e maior mobilização
de gordura durante a atividade e algum tempo após seu término. Porém não devemos
esquecer que diante da escassez de alimentos o corpo pode entrar em um estado de
"racionamento de energia" diminuindo o gasto energético, conforme verificaram
pesquisadores coreanos (LEE et al, 1999). Devemos lembrar que a quantidade de
energia gasta após a atividade, não é necessariamente relacionada à queima de
gordura, mas sim à sua intensidade (CALLES-ESCANDON et al, 1996; LEE et al,
1999).
Em pesquisa publicada em 1999,
estudaram-se as respostas hormonais em atividades aeróbias diante de duas
situações: 1) jejum de 12 horas; e 2) ingestão de carboidratos (antes e durante
o teste). De acordo com os resultados o jejum leva a maior oxidação de gordura,
refletido em um coeficiente respiratório menor. Como esperado, as taxas de
glicose e insulina foram menores no jejum, com a insulina permanecendo elevada
1,5 hora após o término da atividade. Porém os níveis de cortisol (hormônio
catabólico) quase dobraram durante a pedalada e mantiveram-se 80% maiores 90
minutos após o fim do exercício, em relação ao grupo que ingeriu carboidratos.
(UTTER et al, 1999)
A ocorrência da maior oxidação de
gordura no jejum é um ponto pacífico, mas observe a seguinte pesquisa e reflita
sobre a relevância dos fatos. Em estudo realizado na Universidade de Vermont
foram testadas as respostas metabólicas durante e após uma atividade aeróbia em
três condições nutricionais: 1) ingestão de lanche sólido (43 gramas de
carboidratos, 9 de gordura e 3 de proteínas), 2) bebida com frutose (65 gramas
de frutose dissolvidas em 250ml de água) e 3) água flavorizada (250ml de água
adoçada com aspartame) (CALLES-ESCANDON et al, 1991). Os resultados foram os
seguintes:
Oxidação de gordura no
exercício
|
Diferença em relação ao
placebo
|
Oxidação de gordura na
ecuperação
|
Diferença em relação ao
placebo
| |
Doce
|
266 mg/min
|
+8
|
75 mg/min
|
- 45
|
Frutose
|
261 mg/min
|
+4
|
93 mg/min
|
-27
|
Placebo
|
257 mg/min
|
---
|
120 mg/min
|
---
|
Os resultados mostram que 60 minutos
após se exercitar em jejum você "queima" mais gordura do que se tivesse ingerido
frutose (+/-30% a mais) ou glicose (+/- 60% a mais) antes da atividade. Dentro
da matemática estes números parecem bem expressivos, mas na vida real as coisas
são diferentes. Observe a unidade de medida, miligramas por minuto, para
expressarmos os valores em gramas devemos dividi-los por 1.000. Como exemplo,
peguemos a segunda linha da tabela acima (a iniciada com "Doce"), teríamos
assim, uma diferença de 45 mg em um minuto isto significaria que em uma hora
você gastaria apenas 2,7 gramas de gordura a mais do que se tivesse feito um bom
lanche. Desta forma, para que você consiga uma diferença de 1 quilo de gordura,
este mesmo número teria que se repetir mais de 370 vezes (mais que o número de
dias de um ano)!!! Por que algumas pessoas perdem peso se exercitando em jejum?
Uma explicação razoável seria que, por bem ou por mal, esta prática reduz o
gasto calórico diário, pois você obrigatoriamente passará de 8 a 12 horas sem
comer, além de exigir uma boa dose de determinação e disciplina, o que pode
estimula-lo na dieta e treinos.
Porém não existem provas suficientes
para defender o treino em jejum, por mais que se alegue uma maior utilização
relativa de gordura durante e alguns minutos após o treino, estes números são
inexpressivos quando expostos em termos absolutos. A própria ênfase na
utilização de gordura durante o treino é ultrapassada e remonta a discussão dos
exercícios aeróbios (ver A verdade sobre aerobios e emagrecimento).
Também não há provas científicas
diretas para condenar totalmente a realização de atividades físicas em jejum.
Empiricamente, vemos que algumas pessoas se adaptam bem a esta situação, optando
inclusive por não se alimentar antes dos treinos. Porém ressalto que esta é uma
questão individual de bem-estar e induzir alguém a praticar atividades físicas
em jejum com objetivos estéticos, sem analisar seu quadro geral, não é um
procedimento correto, de acordo com as bases científicas atuais.
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UTTER AC, KANG J, NIEMAN DC, WILLIAMS
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prolonged cycling and running. Eur J Appl Physiol Occup Physiol. 1999
Jul;80(2):92-9.
Você já se perguntou por que sentimos
vontade de comer coisas doces, mesmo que estejamos sem fome? Ou o motivo pelo
qual sentimos aquela moleza depois de uma refeição "pesada"? Ou a explicação
para as mulheres geralmente gostarem mais de doces que os homens? Ou
simplesmente: por que gostamos tanto de comer?
Segundo a medicina "newtoniana", a
resposta a todas essas perguntas provavelmente está em um único fator: a
serotonina. A serotonina é um neurotransmissor que controla, dentre outras
coisas a sensação psicológica de fome, o humor e o sono. Supõem-se portanto, que
concentrações elevadas desta substância fariam você se sentir bem, saciado e
dormir feito um bebê.
Agora, o que a comida tem a ver com
tudo isso? A alimentação influi no sistema nervoso através de mudanças na
concentração de aminoácidos plasmáticos (principalmente de triptofano). Quando
você come algo rico em carboidratos de alto índice glicêmico (doces e massas,
por exemplo), induz-se uma elevada resposta de insulina, hormônio que media o
transporte de algumas substâncias do sangue para dentro das células. Desta
forma, diminui-se a concentração plasmática de alguns aminoácidos (por exemplo,
leucina, isoleucina e valina), o quais competem com o triptofano pelo transporte
através da barreira sangue-cérebro. Sendo assim, maiores quantidades de
triptofano estarão presentes no cérebro. E daí? Daí que o triptofano é
hidroxilado e em seguida descarboxilado gerando 5-hidroxitriptamina, ou melhor,
serotonina (foi só para ver se você está acompanhando), em seguida você fica
calmo, sonolento, alegre e saciado, uma beleza!
Podemos, agora responder as perguntas
anteriores:
Por que sentimos vontade de comer coisas doces, mesmo que
estejamos sem fome?
Pelo mesmo motivo que um fumante
recorre ao cigarro, pelo conforto psicológico mediado por substâncias químicas.
De fato a comparação com o fumante não é casual, pois a nicotina também induz
elevações nos níveis de serotonina, repare que os ex-fumantes geralmente
engordam, devido à tentativa de obter picos do neurotransmissor através da
comida.
Por que sentimos aquela moleza depois de uma refeição
"pesada"?
Por que a serotonina também controla o
sono.
Por que mulheres geralmente gostam mais de doces que os
homens?
As mulheres estão mais sujeitas a
variação de humor que os homens, provavelmente devido à montanha russa hormonal
que ocorre periodicamente. Advinha quem está relacionada ao fenômeno? A
serotonina novamente, junto com outros neurotransmissores.Fato cientificamente
verificado durante a TPM, fase na qual as mulheres procuram avidamente por
alimentos ricos em carboidratos.
Por que gostamos tanto de comer?
Pela sensação de prazer, em algumas
situações comer torna-se uma muleta psicologia, assim como acontece com as
drogas. Ao invés de enfrentarmos situações difíceis com nossas próprias armas,
procuramos caminhos mais fáceis.
(Não perca a abordagem psicossocial do
tema)
- CHRISTENSEN L, SOMERS S. Comparison of nutrient intake among depressed and nondepressed individuals. Int J Eat Disord 1996 Jul;20(1):105-9.
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Há uma crença que nosso corpo tenha uma
capacidade limitada de digerir e aproveitar proteínas, algo em torno de 30
gramas, desta forma a recomendação habitual é que a ingestão diária de proteína
seja distribuída em pequenas doses. Este conceito pode parecer certo dentro de
um sistema simples e estático, porém as reações fisiológicas do corpo humano são
muito mais complexas e dinâmicas, envolvendo diversos ajustes bioquímicos frente
à situação na qual o organismo se encontra.
Evidências teóricas
Existe um estado metabólico ideal de
funcionamento de nosso organismo, que deve ser mantido para que o sistema
funcione. Este equilíbrio, porém, não é estático, pois está constantemente
sofrendo alterações que devem ser corrigidas, tal equilíbrio dinâmico recebe o
nome de homeostase. E o principal mecanismo de controle da homeostase é o
feedback negativo.
Para visualizar o funcionamento do
mecanismo de feedback negativo imagine a seguinte situação: uma banheira com
vários ralos onde o nível da água deve ser mantido constante. Suponha também que
a torneira esteja sempre aberta e a quantidade de água que sai dela não pode ser
controlada. Desta forma, a única maneira de controlarmos os níveis de água seria
manipular o número de ralos que estariam abertos ou fechados, de acordo com a
água que sai da torneira. É mais ou menos desta forma que nosso corpo trabalho
controlando a "saída" em função da "entrada".
Se pensarmos nos mecanismos de
controle, uma ingestão constante de proteína levaria a um menor aproveitamento,
pois o corpo reagiria a esta alteração rotineira com uma maior proteólise. Com
base nessas idéias e em alguns estudos, surgiu o conceito da alimentação
pulsátil de proteína, que consiste em concentrar a maior parte de ingestão
protéica (80%) em uma única refeição.
Evidências científicas
Em estudo publicado por ARNAL et al
(1999) foram comparados os efeitos de duas dietas compostas do mesmo número de
calorias e com a mesma composição de macronutrientes: 1) concentrando 80% da
ingestão protéica em uma única refeição e; 2) distribuindo a ingestão protéica
em 4 refeições diárias. De acordo com os resultados, a situação 2 levou à
redução na massa magra, enquanto a situação 1 a manteve constante. Além disso, o
grupo da alimentação pulsatil obteve melhor relação entre o anabolismo e o
catabolismo protéico, com a síntese protéica 10% maior, e o catabolismo 11%
menor. (ARNAL et al, 1999).
Logo em seguida, a francesa Marie-Agnès
Arnal liderou outro estudo, desta vez a amostra era composta por mulheres
jovens. Os grupos seguiram os mesmo padrões alimentares do experimento acima,
porém a diferença entre os resultados dos grupos não foi significativa, havendo
apenas uma tendência de queda no catabolismo durante a alimentação pulsátil e
uma tendência de aumento no anabolismo com a dieta distribuída (ARNAL et al,
2000a). Algumas explicações possíveis para a diferença entre os resultados
achados são: 1) a resposta metabólica à refeição é diferente em idosos e jovens
e; 2) no primeiro estudo os autores admitem que podem ter subestimado a
necessidade calórica, tanto que houve catabolismo na fase de adaptação, ao
contrário do estudo feito em jovens, desta forma a alimentação pulsátil pode ser
mais eficiente em estados potencialmente catabólicos.
Um outro estudo liderado por ARNAL
verificou que os efeitos da alimentação pulsátil de proteína persistem mesmo
após o término da dieta, isto funcionaria mais ou menos da seguinte forma: ao
perceber a baixa concentração protéica da algumas refeições, seu corpo agiria
diminuindo a degradação e provavelmente aumentando o anabolismo protéico, desta
forma, no momento da refeição concentrada, seu corpo seria pego desprevenido,
com baixa capacidade de degradar as proteínas ingeridas, o que elevaria sua
retenção de nitrogênio (ARNAL et al, 2000b).
Além dos estudos de ARNAL, EL-KHOURY et
al já haviam demonstrado em 1995 o efeito superior, em termos de metabolismo
protéico, de uma dieta com três refeições sobre uma de dez. (EL-KHOURY et al,
1995).
Aplicações práticas
Freqüentemente vemos praticantes de
musculação desesperados em obter fontes de proteína, ou fazendo as contas para
saber se já está na hora da próxima refeição. Estes estudos mostram que tais
preocupações não estão necessariamente de acordo com a fisiologia humana. Como
sabemos, a capacidade adaptativa do organismo humano é muito eficiente e atua
com extrema rapidez, portanto, a ingestão pulsátil de proteínas, pode servir,
pelo menos, para quebrar platôs induzidos pela ingestão habitual de constantes
refeições protéicas. Há casos de práticas baseadas nessas premissas em atletas
profissionais, como levantadores de peso do leste europeu que periodicamente
ficavam um dia em jejum para quebrar um rotina metabólica e, desta forma,
potencializar seus ganhos quando voltassem a se alimentar.
Estes estudos podem ter também,
importantes aplicações clínicas. Aumentar a ingestão de proteínas além da
quantidade habitualmente recomendada (0,8 g/quilo de massa corporal) se mostrou
ser uma estratégia eficiente em idosos (VOLPI et al, 1998), porém a ingestão
habitualmente elevada de proteínas pode ter efeitos deletérios nas funções
renais (ROWE, 1980). Desta foram, além de praticantes de musculação, outros
grupos em estados catabólicos também podem aproveitar os efeitos da alimentação
pulsátil de proteína, como os idosos.
ARNAL MA, MOSONI L, BOIRIE Y, GACHON P,
GENEST M, BAYLE G, GRIZRD, M ARNAL, ANTOINE JM, PRUGNAUD J, BEAUFRERE B, MIRAND
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the elderly, J Clin Invest 1998, 101:2000-7
Carboidratos são moléculas compostas de
carbono, hidrogênio e oxigênio, em proporções constantes de 2:1 desse dois
últimos átomos, daí seu nome: carbo (carbono) + hidrato (água).
Esse macronutriente tem sua digestão
iniciada na boca e é absorvido no intestino em suas formas mais simples, caindo
na circulação sangüínea. Diante de altos índices de glicose (forma mais
abundante de carboidrato) é iniciada a liberação de insulina, a qual vai mediar
o processo de absorção de algumas moléculas, dentre elas a glicose e os
lipídios, vê-se então a primeira maneira através da qual a ingestão de
carboidratos pode levar a hipertrofia e ao aumento do acúmulo de gordura.
Todos os 3 macronutrientes
(carboidratos, gorduras e proteínas) são compostos basicamente de carbono,
hidrogênio e oxigênio, à exceção das proteínas, que também possuem nitrogênio. O
que dá a cada substância propriedades únicas é a disposição de suas ligações
químicas e a proporção entre seus átomos. Após a "quebra" dos alimentos restam
moléculas que podem ser usadas na ressíntese de vários tecidos, dependendo da
demanda metabólica e da oferta nutricional. É como se seu corpo tivesse
limitados tipos de peças e a partir delas montasse inúmeros quebra-cabeças. O
problema é que seu corpo tem preferência por um tipo de quebra-cabeça e sua
capacidade de montar outros tipos é limitada, só ocorrendo quando é estritamente
necessário. Agora vêm a má notícia, o quebra-cabeça preferido de seu corpo é a
... (pausa dramática)... gordura. As outras formas, como glicogênio e proteínas
musculares, podem ser induzidas pelas atividades físicas, porém sofrem sérias
limitações.
Dicas sobre a ingestão de carboidratos:
- Escolha os alimentos pelo índice glicêmico: a magnitude da elevação dos níveis de glicose sangüínea induzida por determinado alimento é denominada índice glicêmico, e quanto maior for o índice glicêmico, maior será a liberação de insulina. Em diversas ocasiões estes picos de insulina são interessantes, mas dificilmente serão bem-vindos para quem deseja reduzir o percentual de gordura. Frutas e alimentos ricos em fibras geralmente produzem menores respostas glicêmicas, Sears (autor do Ponto Z) é mais radical e recomenda frutas inteiras ao invés de sucos, visto que as fibras se encontram na polpa e não no caldo.
- Aproveite o momento: depois do exercício temos um período de poucas horas onde os carboidratos podem ser bem absorvidos através de um processo independente da insulina, visto que as contrações musculares induzem a migração da proteína GLUT-4 para a superfície celular, fazendo desta uma boa hora para se ingerir carboidratos (MacLean et al, 2000; . Outro momento favorável é após despertar, pois passamos várias horas em jejum devido ao sono, favorecendo um processo catabólico mediado pelo cortisol, o qual tem sua liberação inibida pelos níveis sangüíneos de insulina.
- Evite o momento: altas taxas de glicemia inibem a liberação de hormônio do crescimento, o qual tem picos significativos durante o sono. Quando objetiva-se reduzir o percentual de gordura, a recomendação é estabelecer um intervalo maior que quatro horas entre a última refeição composta de carboidratos e a hora de dormir, para que não ocorra prejuízo dos picos de GH. Esta é uma recomendação controversa e muito discutível na prática, porém há quem a defenda com muito afinco. Coma de acordo com suas necessidades: qualquer macronutriente em excesso, seja ele qual for, ocasionará acúmulo de gordura corporal, lembre-se dos quebra-cabeças, seu corpo é muito limitado para acumular proteínas e carboidratos, mas não para acumular gordura.
Existem autores que defendem alta
ingestão de carboidratos, outros defendem baixa, ou até mesma nula, e alguns
preconizam o equilíbrio, com quantidades equivalentes entre carboidrato e
gordura. Paradoxalmente, todos estão certos e errados ao mesmo tempo. Há pessoas
mais sensíveis que produzem respostas de insulina exageradas, portanto devem ter
cuidado com carboidratos. Muitos organismos não suportam concentrações elevadas
de corpos cetônicos geradas pela "abstinência", devendo equilibrar a ingestão de
glicidios. Por sua vez, dietas ricas em proteínas são desaconselháveis para
portadores de disfunções renais. Talvez a propagação destas dietas
"revolucionárias" tenha mais interesse financeiro do que humano, tanto que seus
gurus são invariavelmente autores de best-sellers e engordam sua conta bancária
utilizando poderosas estratégias de marketing.
Nem todas as dietas são agradáveis,
minha recomendação é que se encontre o método mais conveniente dentro das
limitações fisiológicas e psicológicas de cada indivíduo, lembrando de variar o
cardápio e até mesmo o tipo de dieta, para evitar a monotonia e o platô
desencadeado pela adaptação metabólica.
Greiwe JS, Holloszy JO, Semenkovich CF
Exercise induces lipoprotein lipase and GLUT-4 protein in muscle independent of
adrenergic-receptor signaling.J Appl Physiol 2000 Jul;89(1):176-81
Kristiansen S, Gade J, Wojtaszewski JF,
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during heavy exercise. J Appl Physiol 2000 Sep;89(3):1151-8.
MacLean PS, Zheng D, Dohm GL. Muscle
glucose transporter (GLUT 4) gene expression during exercise. Exerc Sport Sci
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Dicas sobre a ingestão de proteínas
A proteína é o principal componente
orgânico dos nossos músculos, o que nos leva a inevitável conclusão que
estimular a síntese protéica significa estimular o processo de construção
muscular. Uma das principais preocupações para que isto ocorra é através da
ingestão adequada de proteínas e aminoácidos.
Quantidade
De acordo com diversas pesquisas, um
dos principais fatores de regulação da síntese protéica e a presença de
aminoácidos na circulação sangüínea. Porém a dinâmica metabólica não segue
linearmente até o infinito, de acordo com estudo de WOLFE (2002) a síntese
protéica é estimulada em uma relação dose-dependente até que concentração
plasmática de aminoácidos dobre, a partir daí qualquer aumento na concentração
de aminoácidos será inútil. Então qual seria a quantidade ideal? De acordo com
um estudo de TRIPTON et al (1999) a quantidade da maioria dos aminoácidos
praticamente dobra com a suplementação de um composto contento 40 g de
proteínas.
Poderíamos então concluir que a dose
ideal de proteínas seria 40 gramas, porém um dos maiores aumentos na síntese
protéica obtidos na história foi descrito em um estudo conduzido por
pesquisadores da Universidade do Texas que usaram apenas 6 gramas de proteína
(RASMUSSEM et al, 1999).
O papel dos outros nutrientes
Os resultados de diversas pesquisas
mostram que na busca pelo anabolismo, não devemos nos preocupar somente com a
proteína, uma vez que a ingestão concomitante de carboidratos aumenta o
potencial anabólico da refeição, de modo que a resposta à ingestão combinada de
glicose e aminoácidos é superior à soma de cada uma destas respostas, como no
caso do estudo de RASMUSSEM et al (1999) onde a combinação de 35g de
carboidratos a apenas 6g de proteína foi extremamente eficaz (na verdade até a
data de conclusão da pesquisa este havia sido o melhor protocolo já utilizado).
O efeito sinergístico da mistura carboidrato + proteínas é devido provavelmente
a maior resposta insulínica, fato corroborado pelo trabalho de pesquisadores
holandeses onde verificou-se que a ingestão de uma mistura de aminoácidos e
glicose causa uma liberação de insulina até 100% maior que ingerir somente
glicose (VAN LOON et al, 2000).
Além disso, devemos lembrar que
carboidratos e gorduras têm efeito poupador de proteína, ou seja, uma ingestão
equilibrada de nutrientes prevenirá que seus tecidos sejam degradados para obter
energia, ou mesmo que a proteína suplementada seja convertida em radicais
carbônicos, dado que num primeiro momento de baixa ingestão calórica você
utilizará os aminoácidos e proteínas livres como energia e posteriormente terá
que catabolizar seus tecidos para obter energia.
Composição
Outro fato bem estudo é que para que a
síntese protéica seja estimulada é necessária a presença de aminoácidos
essenciais (WOLFE, 2002; RASMUSSEM et al, 1999; TRIPTON et al,
1999).
Tempo
Pesquisadores dinamarqueses conduziram
um estudo de 12 semanas para verificar a influencia do tempo de ingestão dos AA
no anabolismo. A amostra foi divida em dois grupos: um ingeria o suplemento 5
minutos após o treino e o outro esperava 2 horas para faze-lo (ESMARCK et al,
2001). De acordo com os resultados, a ingestão imediata do suplemento seria mais
recomendada para a hipertrofia, porém alguns pontos devem ser observados: 1) a
hipertrofia obtida com a suplementação imediata não foi superior a obtida em
outros estudos onde a amostra se alimentava livremente e; 2) o outro grupo
passou 2 horas em jejum após o término da atividade. Fica a pergunta: e se um
grupo ingerisse o suplemento de proteína e o outro ingerisse somente
carboidrato?
Em um estudo de RASMUSSEN et al (1999)
foram comparadas a ingestão de placebo ou um suplemento contendo carboidrato
(35g) e proteína (6g) 1 ou 3 horas após o término do treino de força, os
resultados mostraram vantagem do suplemento em relação ao placebo, porém não
houve diferença entre a ingestão 1 ou 3 horas após o treino.
Uma equipe liderada por Kevin TRIPTON
conduziu uma pesquisa para responder uma pergunta que poucas vezes foi feita: e
se ingerimos a proteína antes do treino? A resposta foi inesperada: de acordo
com os resultados, ingerir o suplemento imediatamente antes do treino de
musculação promoveu melhor balanço protéico do que ingeri-lo imediatamente após
(TIPTON et al, 2001). A explicação dos autores tem fundamento, a ingestão
anterior do suplemento geraria picos plasmáticos de aminoácidos concomitantes
com os momentos de maior fluxo sangüíneo, teoria que faz sentido se analisarmos
o estudo de RASMUSSEN et al (1999), onde o pico de concentração plasmática de
aminoácidos ocorreu por volta de 40 minutos após a ingestão do
suplemento.
Considerações finais
Na maioria dos estudos a amostra era
submetida a um jejum de mais de 10 horas e depois eram comparadas a ingestão de
proteínas com a ingestão de um placebo praticamente isento de calorias, desta
forma a constatação que podemos ter é que o suplemento é melhor do que nada.
Seria interessante que fosse comparada a ingestão de proteínas a ingestão de
carboidratos, por exemplo.
Apesar dos diversos questionamentos,
podemos tirar três conclusões essenciais que podem ser úteis para quem deseja
suplementar proteínas:
1. A mistura de carboidratos às
proteínas aumenta o efeito anabólico.
2. Não é interessante esperar muito
tempo após o término da atividade para se alimentar.
3. Existem diversas possibilidades de
se suplementar proteínas, portanto seria interessante variar os métodos para
assegurar uma adaptação constante, evitando os platôs e a monotonia.
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