A "nova" dieta do paleolítico.
As doenças crônicas não
transmissíveis (DCNT), atualmente, incluindo as doenças cardiovasculares,
diabetes melito tipo 2, obesidade, síndrome metabólica e câncer, são causas de
morte e morbidade em todo o mundo. Evidências mostram que o estilo de vida e os
hábitos alimentares são os principais fatores causais desta
epidemia.
Padrões alimentares têm sido estudados e discutidos com o intuito
de promoção da saúde e prevenção de doenças, surgindo então, discussões em torno
da dieta do período paleolítico.
O homem do período paleolítico, denominados homens Cro-Magnon,
eram altos e magros e a realizavam atividade física intensa, pois exercitavam-se
diariamente para assegurar seus alimentos, água e proteção, sendo pouco provável
a presença de obesidade androide e a existências de DCNT. Quanto ao tipo de
alimentação eram onívoros (consomem alimentos de origem animal e de origem
vegetal). As fontes de proteína da dieta eram carne de herbívoros, mamíferos
marítimos, aves e peixes. Estima-se que o consumo diário de carne era em torno
de 745g.
Embora o consumo aumentado de carne em dietas ocidentais tenha
sido associado com o aumento do risco cardiovascular, a sociedade dos caçadores
era relativamente livre dos sinais e sintomas de doença cardiovascular. Isso
provavelmente deve-se ao fato de a carne de animais selvagens possuírem
aproximadamente 2 a 4% de gordura por peso e contêm relativamente altos níveis
de gordura monoinsaturada e ácidos graxos ômega-3, enquanto as carnes domésticas
podem conter de 20-25% de gordura por peso, muito sob a forma de gordura
saturada
As estimativas sugerem que os nossos ancestrais ingeriam entre 21
e 35% das calorias totais da dieta como gordura, entre 35 e 45% como carboidrato
e cerca de 30 a 34% como proteína. Os carboidratos de frutas e hortaliças
contribuíam com aproximadamente 50% da energia total enquanto hoje essa
contribuição é em torno de 16%. Sendo assim o consumo de fibras era alto,
chegando a 100g/dia.
Além das carnes, o homem paleolítico utilizava as nozes como uma
fonte de alimento de alta densidade calórica e nutritivo. Esse comportamento
alimentar é favorável à saúde, pois o consumo de 5 ou mais porções de nozes por
semana está associado com a redução de 50% do risco de infarto do
miocárdio.
Nossos antepassados paleolíticos bebiam quase exclusivamente
água, onde a ingestão de 5 ou mais copos de água por dia está associada com um
risco mais baixo de doença arterial coronariana. O consumo de açúcares era muito
baixo, sendo que o mel contribuía com 2-3% da ingestão
energética.
As mudanças nesse padrão alimentar tiveram inicio a parir do
período Neolítico e com a evolução dos períodos as modificações foram
constantes. Devido a diminuição de animais pelo aumento da caça, mudanças no
clima, crescimento das populações, inicio da criação de animais, agricultura
doméstica e mais a frente ainda a industrialização, onde houve aumento a
quantidade de gorduras saturadas, de carboidratos complexos e, sobretudo, de
açúcares simples, reduzindo o consumo de fibras.
Estas modificações nutricionais, em conjunto com o sedentarismo e
o consumo de álcool, deram origem à obesidade andróide, com todas as suas
consequências metabólicas e patológicas, as DCNT.
O maior desafio da dieta do paleolítico é sua colocação na
prática. Na perspectiva da prevenção das doenças crônicas são aspectos positivos
dessa dieta: a composição de gordura, a baixa carga glicêmica, o alto conteúdo
de fibras, a presença equilibrada da maioria dos micronutrientes. Isto tudo
ajustado à atividade física mais vigorosa poderia promover no homem moderno um
equilíbrio conducente à saúde.
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