terça-feira, 30 de abril de 2013

Restrição calórica não prolonga expectativa de vida, mas melhora saúde

Estudo de 23 anos com macacos Rhesus mostra que diminuição da ingestão de caloria não está ligada ao aumento de anos de vida


Uma dieta com restrições calóricas não aumenta a expectativa de vida, mas melhora a saúde, segundo estudo feito com macacos e publicado nesta quarta-feira na periódico científico Nature.

A restrição calórica é a prática de limitar a ingestão de calorias diárias entre 10% e 40% com a esperança de melhorar a saúde e retardar o envelhecimento, uma tese  corroborada por  estudos anteriores com roedores.

A pesquisa publicada hoje, iniciada há 23 anos por um grupo de cientistas do National Institute on Aging de Baltimore (EUA), mostra que este tipo de dieta não tem a capacidade de prolongar a expectativa de vida em macacos, mas reconhece seus efeitos positivos sobre a saúde destes animais.



Os cientistas, liderados pelo biólogo espanhol Rafael de Cabo, reduziram em 30% a ingestão de calorias de macacos Rhesus ( Macaca mulatta ) e avaliaram os efeitos desta dieta em exemplares de diversas idades e sexo.

O estudo concluiu que a expectativa de vida dos animais (média de 27 anos) não aumentou nem entre os macacos mais velhos, entre 16 e 23 anos no momento em que iniciaram a dieta, nem entre os mais jovens, menores de 14 anos quando o experimento começou.

Por outro lado, os pesquisadores detectaram que a restrição calórica trouxe benefícios ao metabolismo dos macacos. "Observamos uma melhora geral em parâmetros associados às doenças típicas do envelhecimento, como as enfermidades metabólicas (diabetes e obesidade), cardiovasculares e o câncer", explicou o biólogo.

Os macacos que comeram 30% menos de calorias apresentaram níveis mais baixos de triglicéridios, colesterol e glicose, especialmente entre os machos, assim como uma incidência "notavelmente menor" de câncer entre os primatas mais jovens.

A pesquisa, que segundo Rafael de Cabo poderia se prolongar por mais duas décadas, terá como objetivo agora investigar os efeitos metabólicos e moleculares da restrição calórica sobre o organismo destes macacos.

"A resposta é muito parecida a outras respostas de estresse, por isso poderíamos considerar a restrição calórica como um estresse metabólico, que causa ajustes globais no organismo, e que quando se mantém por um longo período de tempo provoca benefícios profundos na saúde", explicou o biólogo.

O cientista espera além disso comparar seus resultados com os obtidos pelo Wisconsin National Primatas Research Center em uma pesquisa paralela, também levada a cabo com macacos e iniciada nos anos 80, que defende a capacidade desta dieta de prolongar a vida.

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