O exercício produz alterações
significativas em todo o metabolismo do corpo. As forças determinantes dessas
alterações são os fatores que definem o exercício:
INTENSIDADE, DURAÇÃO
e RESISTÊNCIA;
Em nível molecular, essas alterações são dirigidas pela
necessidade energética, disponibilidade de substrato e regulação hormonal.
A energia para manter o corpo é derivada da oxidação de cadeias
carbônicas contidas em carboidratos, ácidos graxos e aminoácidos. Cada uma
dessas moléculas pode ser oxidada a dióxido de carbono e água através da
respiração, com o organismo captando energia de cadeias carbônicas;
O
uso seletivo de carboidratos, ácidos graxos e aminoácidos para energia é
dependente de suas concentrações relativas no sangue e nos tecidos;
Ácidos graxos e carboidratos servem como combustíveis primários para o
corpo. Eles geram de 80 a 100% do combustível metabólico.
Os papéis e a
degradação de aminoácidos no corpo são diversos, variando desde um papel
primário na síntese protéica para finalmente sofrer a degradação, do catabolismo
à energia e formação de subprodutos nitrogenados;
Os tecidos envolvidos
com aminoácidos e metabolismo de nitrogênio são: FÍGADO, RINS, INTESTINO e
MÚSCULO ESQUELÉTICO.
- Metabolismo da proteína no exercício:
Os
exercícios de musculação resultam em um aumento de massa muscular, indicando
intensificação na formação de actina e miosina. Os exercícios de resistência,
embora tenha pouco efeito sobre a massa muscular, elevam o conteúdo de proteínas
musculares, especialmente daquelas envolvidas no metabolismo oxidativo. Essas
alterações são seletivas e específicas ao estímulo. O exercício também possui
alguns efeitos imediatos sobre o metabolismo protéico, e a resposta a um
episódio de exercício se assemelha, em vários aspectos, à resposta de fase aguda
de uma infecção ou lesão.
O músculo possui uma capacidade limitada de
oxidação de aminoácidos. O músculo esquelético dos mamíferos é capaz de oxidar
somente seis aminoácidos: alanina, ácido aspártico, ácido glutâmico, leucina,
isoleucina e valina. Os três últimos, em conjunto, compreendem os aminoácidos de
cadeia ramificada, e são quantitativamente os mais importantes.
Durante
o exercício a massa de proteínas musculares é determinada pela relação entre os
processos de síntese e degradação.
Durante os períodos de crescimento ou
de acréscimo de proteínas, a síntese excede a degradação de proteínas;
Há um balanço positivo da renovação protéica, quando a síntese é igual à
degradação.
Este período é definido como manutenção ou balanço líquido.
O exercício exaustivo suprime a síntese protéica e estimula a degradação
protéica no músculo esquelético.
Enquanto o efeito agudo do exercício
sobre a renovação protéica é catabólico, os efeitos do exercício em longo prazo
não conduzem a atrofia muscular;
Durante o exercício, há alterações nas
concentrações de aminoácidos no plasma e tecidos. Essas alterações sugerem que
os aminoácidos possam ser limitantes como substratos para a síntese de
proteínas;
O exercício produz alterações a níveis hormonais. Os
hormônios importantes para a síntese protéica são: INSULINA, GLUCAGON e
GLICOCORTICÓIDES;
O balanço energético da célula também pode ser um
fator limitante para a síntese de proteínas musculares;
- Metabolismo de
Aminoácidos durante o exercício:
Os exercícios de resistência produzem
uma quebra líquida de proteínas, liberando aminoácidos para reserva líquida;
Os principais aminoácidos envolvidos são: BCAA (Leucina, Isoleucina e
Valina), alanina e glutamina. Existe uma relação metabólica entre eles. Os
aminoácidos de cadeia ramificada como a leucina, valina e isoleucina, e os do
leito esplâcnico (fígado e intestino) se movimentam para os músculos
esqueléticos, sendo que a alanina retorna ao fígado e a glutamina ao intestino.
O movimento dos aminoácidos serve para conservar seus precursores, para
eliminação de resíduos de nitrogênio, e para manter os níveis de glutamina.
Os Aminoácidos de Cadeia Ramificada (BCAA) são essenciais na dieta e,
portanto, importantes na regulação da síntese protéica muscular. A administração
endovenosa de glicose e de várias misturas de aminoácidos, por um período de uma
hora, em ratos previamente privados de alimentação, demonstrou que a infusão de
BCAA e glicose aumentam a síntese protéica no músculo esquelético tão
eficientemente quanto uma mistura contendo glicose e todos os aminoácidos. Esse
fato sugere que o efeito anabólico de uma mistura completa de aminoácidos pode
ser reproduzido pelo fornecimento de uma mistura contendo apenas os três BCAA.
Contudo, o efeito da mistura dos três BCAA sobre a síntese protéica muscular
pode ser atribuído ao aminoácido leucina, uma vez que em estudo com músculo
esquelético perfundido, foi verificado que o fornecimento de leucina
isoladamente estimula a síntese protéica muscular tão efetivamente como a
mistura dos três BCAA.
Em teste realizado com homens adultos não
treinados, exercitados em 30% do VO2 máximo, observou-se alteração no fluxo de
aminoácidos durante o exercício, com movimento dos aminoácidos de cadeia
ramificada dos tecidos viscerais para o músculo esquelético e o retorno da
alanina como um precursor para a síntese hepática de glicose.
Existe uma
relação entre o aumento da degradação de aminoácidos e a manutenção da produção
de glicose hepática. EX: um indivíduo durante o exercício, com depleção de
carboidratos, cataboliza aminoácido provendo 10,4% de sua energia total para o
exercício, enquanto que num indivíduo com carga de carboidratos, os aminoácidos
proviam 4,4% das necessidades energéticas.
Os aminoácidos podem ser
classificados como glicogênicos e cetogênicos, dependendo de seu destino. Com
exceção da Leucina e a Lisina, que são convertidas em Acetilcoenzima A, todos os
outros podem ser utilizados na gliconeogênese, que ocorre em grande parte no
fígado e em alguma proporção nos rins. Na privação alimentar, a produção de
glicose por essa via mostra-se quantitativamente importante e permite que o
grande estoque de energia bloqueado as proteínas torna-se disponível. Alguns
tecidos, como o intestino, por serem particularmente lábeis, contribuem de forma
significativa para a demanda energética no jejum, durante um tempo relativamente
curto.
A leucina influencia o controle de curto prazo da etapa de
tradução da síntese protéica e este efeito é sinérgico com a insulina, que é um
hormônio anabólico, com papel crítico na manutenção da síntese protéica
muscular. Contudo, a insulina de modo isolado não é suficiente para estimular a
síntese protéica muscular no estado pós-absortivo, sendo necessária a ingestão
de proteínas ou de aminoácidos para restaurar completamente as taxas de síntese
protéica. É proposto que o efeito da insulina na síntese protéica muscular
esteja relacionado ao papel desse hormônio em potencializar o sistema de
tradução de proteínas, ao invés de regular diretamente tal processo, ou seja, a
insulina exerce um efeito permissivo sobre a síntese protéica na presença de
aminoácidos. Aliado a isto, cabe ressaltar que a administração oral de leucina
produz ligeiro e transitório aumento na concentração de insulina sérica, fato
este que age também de modo permissivo para a estimulação da síntese protéica
induzida por este aminoácido.
A Alanina e a Glutamina são os aminoácidos
fundamentais no transporte de nitrogênio entre os tecidos, e a maior parte que
deixa o músculo durante a privação alimentar encontrase sob a forma de um desses
dois aminoácidos. Isso permite que parte da energia disponível nesses
aminoácidos possa ser catabolizada pelo músculo esquelético.
|
Nenhum comentário:
Postar um comentário