terça-feira, 29 de abril de 2014

Probióticos nas doenças inflamatórias intestinais

O termo probiótico deriva do grego e significa “pró vida”. Existem diversas definições, mas a atualmente aceita é que eles são microrganismos vivos que, administrados em quantidades adequadas, conferem benefícios à saúde do hospedeiro (Saad, 2006). Podem ser incluídos na preparação de uma ampla gama de produtos, incluindo alimentos, medicamentos e suplementos alimentares.

Vários microrganismos são usados como probióticos, entre ele bactérias ácido láticas, bactérias não ácido láticas e leveduras. Porém as bactérias pertencentes aos gêneros Lactobacillus e Bifidobacterium são as mais frequentemente empregadas como suplementos probióticos. Podem ser incluídos na preparação de uma ampla gama de produtos, incluindo alimentos, medicamentos e suplementos alimentares. O fermento Saccharomyces cerevisiae e algumas espécies de E. coli e Bacillus também são utilizadas como probióticos.

Qual a diferença nas doenças inflamatórias intestinais?


Nas doenças inflamatórias intestinais ocorre um desequilíbrio da microflora (microbiota) intestinal, principalmente na doença de Crohn. Quando o indivíduo está saudável, existe um padrão nessa população de bactérias e, nos portadores dessas doenças, há uma quantidade reduzida, sobretudo de Bifidobacterium e Lactobacillus, que tem ações benéficas ao organismo. Isto explicaria porque as doenças inflamatórias intestinais manifestam-se predominantemente no final do intestino delgado e cólon, pois são os segmentos do tubo digestivo com maior quantidade de bactérias.
Vamos citar e explicar cada um dos efeitos benéficos que os probióticos podem não só para a inflamação intestinal, como para a saúde em geral.

Efeitos dos probióticos


  • Auxiliam o processo da digestão – devido à ação no metabolismo de vários carboidratos. Algumas espécies também secretam enzimas proteolíticas e lipolíticas, auxiliando, respectivamente, na digestão das proteínas e gorduras.
  • Inibição do crescimento de patógenos microbianos.
Um dos processos é através da competição. Podemos entender da seguinte forma: as bactérias (boas e ruins) utilizam alguns nutrientes do nosso intestino para sobreviverem. Se houverem poucos nutrientes, elas “morrem de fome”. A intenção neste caso é fazer com que as bactérias boas consumam os nutrientes para que as bactérias ruins (patogênicas = causam doenças) morram por falta de alimento. Isso mantem a flora bacteriana estável e evita a ação das bactérias patogênicas. Outro método é através da mudança do pH para criar um ambiente desfavorável aos patógenos.
  • Crescente aumento das junções epiteliais e modificação da permeabilidade intestinal.
As junções epiteliais podem ficar atrofiadas pelo próprio processo da doença e a permeabilidade intestinal pode ficar alterada. Os probióticos ajudam a “corrigir” esses quadros.
  • Estimulam a imunidade. Isso se faz através da modulação da resposta imune do epitélio intestinal e das células imunes da mucosa. Também ativam os macrófagos.
  • Secreção de produtos antimicrobianos (também vão ajudar a eliminar as bactérias patogênicas).
  • Decomposição de antígenos luminais patogênicos.
As bactérias patogênicas também produzem substâncias patogênicas. Os probióticos auxiliarão a decompô-los, eliminá-los.
  • Resistência à colonização – vão provocar mais dificuldades para bactérias patogênicas se instalarem no intestino.
  • Auxiliam na hidrólise da lactose, o que é importante para os intolerantes a ela.
  • Reduzem os gazes e a azia por atuarem positivamente na mucosa intestinal.
  • Sintetizam vitaminas (principalmente do complexo B) e incrementam a absorção de minerais.
  • Ajudam a reduzir o colesterol.
  • Previnem e tratam alergias alimentares. E sabemos que esses pacientes tem maior tendência a desenvolver intolerâncias alimentares.
  • Produzem ácidos graxos de cadeia curta – são importantes para a saúde intestinal e também inibem o crescimento das bactérias patogênicas. Mais a frente faremos um tópico só sobre eles.
  • Auxiliam no processo de detoxificação e na redução do estresse hepático.

O que dizem os estudos?


Ainda são necessários muitos estudos nessa área, pois enquanto alguns não mostram resultado algum, outros mostram ótimos resultados tanto na melhora da fase ativa quanto na manutenção da recidiva.
Uma tese de mestrado da nutricionista Luciane Cristina Rosim Sundfeld Giordano com pacientes portadores de doença inflamatória intestinal apresentada na UNICAMP investigou os efeitos da modulação da mibrobiota intestinal em pacientes com suplementação oral de probióticos e os achados foram animadores, mostrando redução na ocorrência de diarreia e melhora do estado nutricional, inclusive com ganho de peso em pacientes desnutridos.
Há a hipótese de que a resposta inflamatória que ocorre no intestino, com envolvimento de outros órgãos, seja desencadeada por alguma alteração na microbiota intestinal e que sua modulação possa melhorar o curso da doença inflamatória intestinal. Inclusive isso foi aventado pela referida nutricionista acima. A expectativa é que o emprego de probióticos mostre-se útil e possa ser instituído como terapia coadjuvante no tratamento com medicamentos.
Devemos ser criteriosos quanto aos resultados e torcer para que mais descobertas nesse sentido sejam feitas para nos beneficiar ainda mais.

Qual a diferença de probiótico para prebiótico?


A grosso modo podemos dizer que os prebióticos são a comida dos probióticos. Por definição, prebióticos são fibras não digeríveis que fermentam no intestino e estimulam o crescimento das bactérias probióticas.
Além disso, os prebióticos também diminuem a absorção intestinal das gorduras, do colesterol a aumentam a absorção de minerais como cálcio, magnésio, ferro e zinco.
As fibras prebióticas mais comuns são:
  • Inulina, que é encontrada em vegetais como cebola, alho, almeirão, chicória, trigo, alho poró.
  • Pectina, que é encontrada em frutas cítricas (laranja, limão, lima, tangerina), cenoura, soja, farelo de aveia, lentilha, feijão, ervilha.
  • Frutoligossacarídeos (FOS), que são polímeros de frutose. São produzidos enzimaticamente no nosso organismo, mas também podem ser manipulados.

Onde encontrá-los?


As indústrias alimentícias e farmacêuticas cada vez mais criam novos produtos com probióticos. Mas são mais usados em leites e iogurtes fermentados, também chamados de lactobacilos. Colocaremos abaixo uma tabela com várias indútrias e seus produtos.
Cepa probiótica
Marca
Fabricante
Bifidobacterium animalis
Activia
Danone ∕ Dannon
Bifidobacterium animalis
Chr. Hansen
Bifidobacterium breve Yakult
Bifiene
Yakult
Bifidobacterium infantis
Align
Procter & Gamble
Bifidobacterium lactis
Howaru Bifidum
Danisco
Bifidobacterium longum
Morinaga Milk Industry
Enterococcus LAB SF68
Bioflorin
Cerbios-pharma
Escherichia coli
Mutaflor
Ardeypharm
Lactobacillus acidophilus LA-5
Chr. Hansen
Lactobacillus acidophilus NCFM
Danisco
Lactobacillus casei DN114
Actimel, DanActive
Danone ∕ Dannon
Lactobacillus casei CRL43
Chr. Hansen
Lactobacillus casei F19
Cultura
Arla Foods
Lactobacillus casei Shirota
Yakult
Yakult
Lactobacillus johnsonii
LC1
Nestlé
Lactococcus lactis
Normejerier
Lactobacillus plantarum
GoodBelly, ProViva
NextFoods Probi
Lactobacillus reuteri
L. reuteri, Protectis
BioGaia
Lactobacillus rhamnosus LGG
Vifit and others
Valio
Lactobacillus rhamnosus LB21
Verum
Norrmejerier
Lactobacillus salivarius
Verum
Norrmejerier
Saccharomyces cerevisiae
DiarSafe, Ultralev ure etc
Wren Laboratories, Biocodex etc
Misturas
Lactobacillus acidophilus e L. casei
Bio K+
Bio K+ International
Lactobacillus rhamnosus e L. reuteri
FemDophilus
Chr. Hansen
Streptococcus thermophilus, Lactobacillus spp. e Bifidobacterium spp.
VSL#3
Sigma-Tau, Pharmaceuticals, Inc.
Lactobacillus acidophilus e Bifidobacterium bifidum
Lactobacilus helveticus e L. rhamnosus
A´Biotica e outros
Institut Rosell
Bacillus clausii
Enterogermina
Sanofi-Aventis

Para entrar no site das empresas acima referidas e outras, clique no nome delas: BioGaia, Bio K+, Chr-Hansen, Cerbios Pharma, Danisco, Danone, DSM, Lallemand, Probi, Proctor & Gamble, Sanofi-Aventis, Valio, VSL Pharmaceuticals, Yakult.

Abaixo iremos ilustrar alguns produtos que contem probióticos, mas queremos deixar claro que não estamos fazendo propaganda de nenhuma empresa específica e nem indicando alguma marca ou empresa. Nossa intenção é meramente ilustrativa e, como sempre reforçamos, o uso de suplementos deve ser indicado pelo médico ou nutricionista, assim como deve ser definido por eles a quantidade e o tipo ideais para você.



Que quantidade devo tomar?

A quantidade recomendada vai variar de caso para caso, mas costumam ser doses pequenas. Não se pode abusar desses produtos, senão faz mal pra saúde, descontrola a flora bacteriana etc. Procure sua nutricionista para avaliar que quantidade você poderá ingerir por dia.

É importante lembrar também que o uso dos probióticos deve ser contínuo para assegurar a manutenção dos seus efeitos benéficos.

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