sexta-feira, 25 de julho de 2014

Sálvia Divinorum

A MARIA PASTORA

A Salvia Divinorum pertence à família das sálvias ou mentas. É um arbustro silvestre que chega a medir aproximadamente um metro de altura, sua folhas são ovaladas e chegam a quinze centímetros. Possue folhas com coroas brancas e cálices púrpuras. É originial de Oaxaca, México e era cultivada pelos mazatecas para adivinhações e cura. POara alguns indios era associada com a Virgem Maria de Guadalupe.
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Um antropólogo da década de trinta, Jean Basset, mencionou uma infusão chamada de "Erva Maria" que provocava visões e era usada para adivinhações por um povo do México, na década de cinquenta o Dr. Weitlaner reportou o uso de "Maria Pastora ou Ska Pastora " entre os mazatecas de um pequeno povo de Oaxaca. Na década de sessenta Gordon Wasson e Albert Hofmann levaram mostras da planta para identificação, onde deram o nome científico de Salvia Divinorum, salvia = salvar, e divinorum = dos adivinhos.
Segundo Wasson, era conhecida no Antigo México em náhuatl como pipiltzintzintli, que significa significa "A Mais Nobre Princesa". Pipiltzintzintli refere-se a algo extremamente nobre, conotando a superioridade da planta aos olhos dos ancestrais. A Sávia Divinorum permaneceu quase desconhecida até a década de 90 quando um etnobotânico Daniel Sieberg comEçou seus experimentos e os publicou na internet.).
img IlustraçãoJ. Valdés III La Maria Pastora.
As folhas de Maria Pastora são usadas de forma oral, em infusões e mastigações. Na Europa e nos EUA, são fumadas folhas secas, ou extratos muito poderosos, que são fumados em cachimbos de água, acendido com isqueiros maçaricos, pois a substância ativa Salvinorina A tem uma temperatura de vaporização muito alta, e se fumada como cigarro ou com um isqueiro convencional não produz os efeitos desejados.
Mastigando folhas frescas os efeitos iniciam 30 minutos depois da ingestão e se prolongaram durante um pouco mais de uma hora. Fumada, faz efeito em aproximadamente trinta segundos. Os extratos variam em sua potência em 5X, 10X, 15X, 20X. À partir do 10X todos são extremamente potentes, desaconselháveis, sobretudo para principiantes.
Aparentemente a salvinorina-A não atua através de nenhum dos neurotransmisores conhecidos.Estudiosos tem dito que sua molécula não e alucinógena e sim onirógena; significa que dispara o mecanismo cerebral que troca o estado de vigilia pelo de sonho, estado que pode ser chamado de "Sonho Lúcido "
Vejam abaixo informações do site
http://plantadivina.vilabol.uol.com.br
Há muita informação sobre esta planta na internet. Mas muitas vezes são informações desencontradas, ou não confiáveis, contendo imprecisões, exageros e até mentiras levianas. A manipulação de informações realizada pelos meios de comunicação é um fato inegável e uma pessoa que busca conhecimento deveria estar alerta para isso. Uma fonte de informação recomendada é o "Guia do Usuário da Salvia Divinorum", de Daniel Siebert, traduzido em várias línguas, neste endereço: http://sagewisdom.org/usersguide.html
Há vários livros publicados, embora nenhum ainda em português. Há uma bibliografia no fim da página pesquisa.
Até o momento, a ciência farmacológica considera que a planta Salvia Divinorum não possui qualquer substância entorpecente, ou que cause dependência física ou psíquica. Na verdade, tem-se observado que os elementos ativos da planta, Salvinorin A e Salvinorin B, são compostos moleculares únicos em seu gênero e que, portanto, não se enquadram em nenhuma classe de substâncias proscritas ou proibidas pela normas brasileiras e internacionais. Entretanto, sabe-se que o governo da Austrália criminalizou o uso desta planta em junho de 2002 assim como a Dinamarca em 2003 sendo, até agora, é os únicos países que tomaram semelhante diretriz. Também não há notícia de processos judiciais envolvendo o uso, posse, ou comércio de Salvia Divinorum em qualquer lugar do mundo. A fim de manter-se atualizado sobre o status de legalidade da Salvia Divinorum no mundo, verifique:
http://www.erowid.org/plants/salvia/salvia law.shtml

PIPILTZINTZINTLI

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Sangirardi JR. cita que R. Gordon Wasson esclarece que esta labíada é sempre cultivada, não se encontra em estado espontâneo. os antigos cronistas espanhóis a ela se referiam como hierba, com as variedades masculina e feminina; macho e hembra. e wasson conclui que o pipltzintzintli dos astecas, a divina planta da era pré-colombiana, deve ser identica á Sálvia Divinórun, hoje invocada pelos Mazatecas em suas súplicas religiosas. As folhas da erva, depois de esmagadas na metade, são infusas em água e filtradas, embora registros coloniais mencionem a utilização de raízes, ramos e flores, possivelmente porque a planta tem virtude divina em todas as suas partes.
Informa R. E Schultes que as folhas também podem ser mascadas frrescas. os efieetos são semelhantes aos dos cogumelos sagrados, porém de menor duração. o característico são desenhos coloridos e tridimensionais em movimento caleidoscópio.

Iboga

Bia Labate
Afrique
Aterrizei no aeroporto de Yaounde, capital dos Camarões, com o objetivo de coletar dados sobre uma misteriosa raiz africana a qual se atribui fortes propriedades terapêuticas. A primeira sensação, o bafo quente e pegajoso, é de familiaridade. Os pagne, roupas tradicionais usadas pelos negros, fazem-nos sentir por um momento em Salvador… mas logo se percebe que não é bem "a mesma coisa". Bastam poucas horas para que todas os nossos referencias conceituais fiquem suspensas no ar. Para o forasteiro, não existe nenhuma coerência ou ordem estética. Não há ruas nem endereços; o trânsito é cada um por si. Música 24 horas por dia. Homens passeiam (sem malícia) de mãos dadas pelas ruas. Ao andar pela "cidade", medem, mexem e tocam em você. Como branca, dá vontade de ser invisível.
É difícil não se chocar na África, ficar imune. De repente, parece que acordamos de um sonho: existe sob os nossos olhos um continente todo pulsando e expandindo-se com sua pobreza sem precedentes. Em meio a este cenário, mil modelos de bonitos e criativos penteados enfeitiçam e contagiam o turista com uma sensação de uma alegria poderosa, encerrando simbolicamente a força de um povo.
A Iboga (1)
Não foi difícil achar o primeiro pé da tal planta. Trata-se de uma raiz subterrânea que chega a atingir 1,50m de altura, pertencente ao gênero Tabernanthe, composto por várias espécies. 650 destas já foram identificadas na África Central. A que tem mais interessado a medicina ocidental é a Tabernanthe iboga, encontrada sobretudo na região dos Camarões, Gabão, República Central Africana, Congo, República Democrática do Congo, Angola e Guinea Equatorial. O arbusto cresce em áreas de floresta tropical, solos pantanosos ou savanas molhadas. Ela floresce e produz frutos durante todo o ano. O seu principal alcalóide – leia-se: princípio ativo - é a ibogaína, extraída da casca da raiz e que representa 90% dos 30 alcalóides encontrados nas raízes desta espécie. A iboga pertence a família dos alucinógenos clássicos, entre eles o peyote, os cogumelos, a ayahuasca e o LSD.
Acredita-se que os pigmeus tenham descoberto a iboga em tempos imemoriais. Até hoje estas populações a utilizam em ritos nos quais dificilmente admitem a participação de brancos. Segundo os escritos de um especialista nesta planta, o italiano Giorgio Samorini, algumas espécies de animais, entre as quais os mandris e javalis, alimentam-se das raízes da iboga para conseguir efeitos entorpecentes. É provável que os pigmeus tenham descoberto as propriedades alucinógenas da iboga observado o comportamento curioso destes animais.
Em 1901 a ibogaína foi isolada pela primeira vez. Há notícias de que ela teria sido usada no ocidente desde do início do século no tratamento de gripe, doenças infecciosas, neurastemia e doenças relacionadas ao sono.
Em 1962, Howard Lotsof, um jovem viciado em heroína em busca de uma nova droga, acaba descobrindo a iboga. Após uma viagem de 36 horas, relata que perdeu totalmente o desejo de consumir heroína e não sentiu nenhum sintoma de abstinência. Administrou a substância a sete amigos também viciados, e em cinco casos o resultado foi o mesmo.
Em 1983 Lostsof reportou as propriedades anti-aditivas da ibogaína e em 1985 obteve quatro patentes nos EUA para o tratamento de dependências de ópio, cocaína, afetamina, etanol e nicotina. Fundou o International Coalition for Addicts Self Help e desenvolveu o método Endabuse, uma famacoterapia experimental que faz uso da ibogaíne HCl, a forma solúvel da ibogaína. Através da administração de uma única dose, cujo efeito dura dois dias, haveria uma atenuação severa ou completa dos sintomas de abstinência, permitindo que o dependente se desintoxique sem dor. Em segundo lugar, uma retirada ou perda do desejo de consumir drogas por um período mais ou menos longo de tempo.
Os rituais de iniciação da tradição do Bouiti (2)
Atualmente a iboga é utilizada por curandeiros tradicionais dos países da bacia do Congo e na religião do Bouiti na Guinea Equatorial, Camarões e sobretudo no Gabão, onde membros importantes das hierarquias políticas e militares do país são adeptos. Aproveita-se principalmente a casca da raiz mas também atribui-se propriedades medicinais às folhas, a casca do tronco e a raiz. No Gabão, a raiz e a casa da raiz são encontradas facilmente nas farmácias tradicionais e nos mercados das principais cidades. Existe aí uma ONG dedicada inteiramente a iboga. Se mantida a tendência atual, a coleta da espécie selvagem está colocando-a em risco de extinção. A iboga pode ser utilizada sozinha ou em combinação com outras plantas. Ela é empregada no tratamentos da depressão, picada de cobra, impotência masculina, esterilidade feminina, AIDS e também como estimulante e afrodisíaco. Na crença dos curandeiros locais, é eficaz também sobre as "doenças místicas", como é o caso da possessão.
Tonye Mahop, pesquisador do Jardim Botânico de Limbe, conta que "existem vários registros de cura da dependência de cigarro, de mganga (marijuana africana) e de fofo (um álcool local concentrado, feito de vinha de palmeira) com a iboga nos cultos do Bouiti. O problema é que os informantes não contam bem como preparam e usam a planta, tem uma parte do conhecimento que fica sempre em segredo".
Existem dois tipos de Bouiti: o tradicional (que rejeita o cristianismo) e o sincrético, o mais difundido. O primeiro é praticado pelos Mitsogho e o segundo pelos Fang, ambos grupos Bantu. É provável que durante o século XIX os pigmeus tenham transmitido seus conhecimentos aos Apindji, que os teriam passado por sua vez ao Mitsogho, ambas populações do sul do Gabão. Estes grupos elaboraram durante o século XIX um culto dos mortos, o Bouiti tradicional. O Bouiti sincrético ou Fang foi elaborado na época da primeira guerra mundial. Ele é produto de influências do Bouiti tradicional; do culto ancestral tradicional dos Fang, o Bieri (que utilizava uma outra planta alucinógena), e da evangelização cristã, sobretudo católica. Atualmente há nove ramas do Bouiti. Existe um outro culto que utiliza a ioga, o Abri, até hoje pouquíssimo estudado. Este é comandado por mulheres e se dedica ao tratamento de doenças com ioga e outras plantas medicinais.
Abada Mangue Clavina é presidente da Associação Bombo Ima et Bandeei (ASSOKOBINAC) dos Camarões e líder de uma igreja Bouiti Dissumba Mono Bata em Yaounde, cuja base é o núcleo familiar composto por suas duas mulheres e 10 filhos. Há prières todos os sábados. De acordo com ele, existe um tratamento específico para a tóxico-dependência com o uso da iboga, que dura dois ou três dias, dependendo do paciente e da gravidade do problema. São ministradas duas, três ou quatro colheres de café (4 a 8 g) de um pó da casca da raiz (essa é raspada e picada). A "iboga purifica o sangue. Temos obtido sucesso em 100% dos casos". Os casos mais difíceis podem exigir a realização de iniciação, que tem como custo 200.000 mil francos centro africanos (CFA) em oposição aos 50 mil empregados no tratamento ordinário.[3]
A iniciação dura três dias. Na abertura, o candidato confessa todos os seus pecados e toma um banho ritual. Este momento clímax da vida do bouitisita é marcado pela ingestão em jejum de uma enorme quantidade de eboka (pode chegar a 500g) e de ossoup, uma espécie de chá frio feito com a raiz da planta. O grupo acompanha o neófito durante a prière, onde todos cantam, tocam e dançam noite a dentro.
A iniciação tem como objetivo produzir um coma induzido - os estudiosos ainda não conseguiram definir com precisão o tempo de duração deste. De acordo com os praticantes, em algum momento o espírito sai do corpo e viaja para o plano da criação, para o "lado de lá", isto é, visita o mundo dos mortos. Pode receber revelações, curas ou se comunicar com os seus ancestrais. A citar, a "harpa sagrada", orienta a viagem e traz o espírito de volta para o corpo. Terminada a cerimônia, o sujeito, renascido com uma nova identidade - Bandzi, 'aquele que comeu' - deve relatar detalhadamente as suas visões e experiências. A diferença do ritual Bouiti com outros rituais de passagem tradicionalmente estudados pelos antropólogos, é que neste caso, a morte é quase real (e não metafórica ou simbólica), pois explora-se o limite concreto entre vida e morte.
A curandeira Nanga Nga Owono Justine, iniciada há 25 anos na rama Dissumba do Bouiti, explica: "A Eboka é uma ciência que corrige. Ela é como uma porta que se abre somente quando uma pessoa morre. Os negros tiveram a fortuna através da Eboka de visitar o lugar para onde iremos quando morreremos, só que antes de morrer - é uma ocasião de se transformar." Sua mãe, a anciã Bilbang Nga Owono Christine, acrescenta: "para se curar você tem que estar convencido, é você mesmo que se cura. Precisa da intenção, da eboka e da fé em Deus, que é o maestro de tudo". Lembrando a sua própria iniciação, época em que tinha uma "doença nos olhos", contou que "uma estrela me guiou até um hospital no lado de lá, onde eu fui operada dos olhos. Vi o meu espírito saindo do meu corpo e os médicos me operando. Voltei curada".
Podem ocorrer morte nos rituais de iniciação do Bouiti. Segundo Calvin, isto pode acontecer devido a diversos fatores. Um deles é a incompetência ou falta de capacidade do guerriseur. Outro é que a eboka não pode ser administrada para um doente que esteja demasiado debilitado fisicamente. Finalmente, "se doente que faz a iniciação é um bruxo, durante viagem astral o seu espírito quer para ir para a zona da obscuridade. Ele pode se perder e no caminho e não conseguir voltar, causando a morte do corpo físico". Os Fang conhecem um antídoto, uma folha que anula o efeito da eboka, a qual chamam Ebebing.
A Versão científica
A literatura científica sobre o tema é controversa. Sabe-se que a ibogaína produz ataxia (perda do equilíbrio corpóreo), tremores, aumento da temperatura corpórea, da pressão e da freqüência cardíaca. Estudos em ratos e primatas demonstraram que a ibogaína em quantidade de 100 mg/kg é neurotóxica (a dose utilizada no tratamento de Lotsof é normalmente de 25 mg/kg). Ela é diferente de outros medicamentos na medida em que é a única substância conhecida que age diretamente sobre o mecanismo da dependência no corpo humano. Entretanto, não se sabe ao certo exatamente o seu grau de eficácia: há casos de recuperação e de fracasso do tratamento. Não existe nenhum estudo científico que comprove que a ibogaína cura dependência, apenas evidências anedóticas - que não são poucas. Para entender o problema simplificadamente: uma substância é considerada segura para uso humano quando se aplicada em doses superiores a 10 vezes em um animal não apresente grau de toxicidade. No caso da iboga, foram constatados efeitos neurotóxicos em doses até 4 vezes superiores, ou seja, não existe uma margem de segurança suficiente. De fato, assim como há relatos de morte nos cultos de iniciação Bouiti com iboga, houve três mortes no tratamento não controlado de toxicodepentes com ibogaína na Holanda, França e Suíça. Mas não faltam entusiastas das suas virtudes e num rápido passeio pela internet é possível encontrar diversos relatos de cura de dependência com a ibogaína.
Os tratamentos com ibogaína não são autorizados nos Estados Unidos, Reino Unido, França ou Suíça. Mesmo assim tem sido usados clandestinamente em quartos de hotéis e apartamentos. No Panamá, a instituição liderada por Lotsof cobra 15.000 dólares o tratamento; na Itália, o custo é de US 2.500, e nos Estados Unidos varia entre 500 e 2.500 dólares. Em Israel a iboga está sendo pesquisada para uso no tratamento da "síndrome do pós-guerra" que afeta soldados.
De acordo com italiano Antonio Bianchi, médico e toxicólogo em produtos naturais, a ibogaína "age sobre uma quantidade de receptores neuronais incrível. Sua característica fundamental é a sua ação sobre a NMDA (N-metil-D-aspartate). Estes receptores estão presentes sobretudo em duas áreas: o hipocampo, que controla a memória e as recordações, e a sensibilidade proprioceptiva, parte responsável pela sensação que temos do nosso corpo físico." Se estes receptores são bloqueados, a pessoa constrói uma imagem do "eu" que não está relacionada com o eu físico, ou seja, está fora do corpo. Este seria o mecanismo neurofisiológico da "viagem astral", o ponto de encontro entre a teoria nativa e a científica. «Nestas condições, o homem tende a construir aquilo que é definido como uma bird eye image, ou seja, o sujeito assume uma projeção de si mesmo a partir de uma posição do alto», afirma o médico.
Esta sensação não é provocada apenas pela ibogaína. Ela pode ser produzida também pela ketamina, um anestético endovenoso, ou ser resultado de um choque, uma meditação profunda etc. A medicina tem dedicado atenção crescente a um fenômeno conhecido como "near death experiences", pessoas que passaram por perto da morte. Existem relatos de recorrências neste tipo de experiência: a presença de uma luz infinita que é a própria divindade, encontro com mortos, visão panorâmica da própria vida passada etc. Cientificamente, a explicação é de que o cérebro, quando submetido a uma enorme stress (como num ataque cardíaco, por exemplo) produz alucinações, reconstruindo imediatamente um mundo fantástico. A iniciação com a iboga seria uma experiência deste gênero. De fato, algumas descrições bouitistas sobre o « mundo de lá » coincidem com os relatos das pessoas que passaram por uma experiência vizinha da morte. Para os místicos, ao contrário, esta é uma evidência de que este mundo existe mesmo, a continuação da vida após a morte.
A profecia Bouiti
Existe uma profecia Bouiti, surgida nos anos 40 - período em que missionários católicos colonialistas franceses investiram severamente contra o culto - de que este se expandirá, unindo todos os povos negros do mundo. Por isso, os bouitistas estão abertos para a iniciação de brancos. Nos últimos anos, diversos estrangeiros, sobretudo franceses, têm se submetido a experiência. A curandeira Justine comentou, entretanto, que "já constatamos que os europeus não tem o mesmo organismo que nós. Então fazemos um tratamento mais leve, não se pode dar a mesma quantidade de eboka que damos para um africano. Quando sabemos que a pessoa já ‘viajou', paramos."
Participei de uma prière e comi uma colherinha de iboga. O efeito foi fortíssimo, durando 24 horas. Não posso dizer que entendi muita coisa, além do que achei o ritual bem cansativo. A sensação foi de que os Fang tem razão, a iboga é qualquer coisa que não tem a ver com este mundo, mas diz respeito ao mundo dos mortos. Ficou apenas uma enorme curiosidade - e medo - de me submeter a iniciação. A África, por si mesma, já é bastante inebriante.
Pós escrito:
Um pouco depois de terminar este escrito, meu companheiro de viagem descobriu que estava com malária. Fiquei “presa” durante 6 dias no norte do pais, numa região muçulmana (descobri que um homem pode ter no máximo 4 mulheres). Savana: calor e muito pó’. As diversas medicinas aplicadas não estavam surtindo efeito. Prossegue o tratamento. L’Afique c’est dure.
Yaounde, fevereiro de 2001.
[1]A grafia varia dependendo da região: eboga, eboka, iboga, liboka, ébogé. Há ainda denominações como mdombo, bondo, dibuyi, entre outros. Iboga é o vocábulo mais «universal».
[2]Bouti é a grafia em francês; em inglês é Bwiti e em português seria Buiti. Resolvi manter no original por via das dúvidas.
[3] Em fevereiro de 2001, 1 U$ dólar eqüivalia a 720 CFA.

ABACO / RAPÉ

O texto abaixo é do irmão espiritual Antoine Yan Monory, publicado na sua Revista : "Flor das Águas "

O TABACO

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O Tabaco é uma planta forte, consideradada como uma "planta de poder" (ou relacionada com o uso de outras destas), de caráter mágica, originária das Ameríndias justamente. Assim, quando os companheiros de Cristovão Colombo desembarcaram em 1492 na ilha de Cuba, eles viram com curiosidade os indígenas fumarem pelas narinas curiosos cilindros de folhas enroladas...eram os ancestrais dos "havanas".
Intrigados, eles quiseram imitar os índios e na sua volta na Espanha foram encarcerados por bruxaria .(acreditou-se que só podia ter feito um pacto com o diabo quem conseguisse assoprar fumaça pelo nariz !)
Depois em 1556 que o padre francês, André Thévet introduziu e começou a cultivar o tabaco no sul da França..., alguns anos depois, o embaixador da França em portugal (Jean Nicot, do qual o nome os botanicos escolheram para denominar cientificamente esta planta) mandou uma amostra de folha empó para a rainha Catherine de Médicis, o que aliviou as suas dores de cabeça o usando em forma de rapé.
Dai, se tornou a "Erva da rainha", e tomou pelo seguimento da história uma carreira de medicamento para diversos usos, sendo que depois acabou por ser descartado e se tornou uma "droga": as pessoas usavam muito na forma de rapé, e foi em 1586 que apareceu o uso do cachimbo na Inglaterra. espalhou-se deste ponto, de forma descontrolada, sendo também monopolizado a sua produção pelos estados, o que rende muito dinheiro atualmente ainda.
No nosso mundo nativo americano, o Tabaco era e é usado de várias formas, seja fumado em cachimbo ou charuto, em forma de rapé, mastigado ou ingerido (seja para vomitórios de limpezxa ou para outros fins), e eaté em forma de enemas (uma forma de absorção anal das plantas de poder que evita transtornos estomacais e digestivos, sendo que esta forma de uso já era praticada medicinalmente pelos próprios astecas).
O livro de Pierre Chaumeil nos diz :
"Presente em toda cura, a fumaça do tabaco é a panacéia da medicina tradicional "Yagua". se utiliza aliás a nicotina para destruir a "filaria" (Filariose (ou Elefantiase) é a doença causada pelos parasitas nematódes Wuchereria bancrofti, Brugia malayi e Brugia timori, que se alojam nos vasos linfáticos causando linfedema) . O suco do tabaco é bebido puro ou misturado a outras substâncias enteógenas para produzir ou modificar o transe.
Assim, dentro do mundo xamãnico, ele tem um lugar importante, sendo um elemento de troca e ligação com o mundo sobrenatural, e presente em toda a sessão de cura deste gênero em alguns povos, seja fumado em charuto ou cachimbo. A fumaça é considerada, de modo geral,e particularmente a de tabaco, a "via" ou caminho pelos qual os espíritos, no sentido largo, se movem ( a fumaça é associada a água, que é o caminho do povo d'agua, sendo esta o "Caminho das almas, da mesma forma, a fumaça é associada a Via Láctea e as nuvens).
A fumaça do cachimbo é considerada, por muitas tribos (senão todas) e culturas primitivas como o "sustento divino" dos deuses e dos sêres sobrenaturais, sendo seu alimento espiritual e essencial. É assim atribuído a mesma necessidade desta aoss xamãs como a eles, tendo sido criado uma relação de interdependência entre os humanos e os seres espirituais.
Nos Waraos, da venezuela, a única planta enteógena usada pelos xamãs é o Tabaco. eles fumam incessante quantidades para cumprir a promessa primordial feita aos deuses e como meio de comunicar-se e de viajar para outro mundo. É contruído com fumaça de Tabaco as casas espirituais que eles irão morar apósa morte.
O Tabaco pertence a família das solanaceas, da qual pertence, por exemplo a Beladona, sendo que existe até quarenta e cinco espécies. Estes dois tipos Tabacum e Rústica, são plantas híbridas, criadas originalmente nas regiões dos Andes e espalhadas pelos dois continentes.. O último tipo é o mais forte, é o tabaco próprio dos xamãs. Seria o sagrado "Peciél" da medicina asteca, e o antigo "Petum" do Brasil. No mundo primitivo antigo era totalmente desconhecido o uso do Tabaco pelo bel prazer. Se trata de um "enervante" ritual e muito sagrado. Ao contrário das outras planntas psicodélicas pela maioria, o Tabaco tem um caráter aditivo psicológico, e até físico. O que é reconhecido pelas testemunhas indígenas, mas sendo um aliado primordial dos xamãs, e não se trata de uma adição em termos atualmente conhecidos em nossa sociedade.
Ekle é usado, as vezes, de forma parecida a Coca, mastigado para aliviar a fome cansaço É usado medicinalmente para também clarear as idéias e tirar a dor de cabeça.
Ele é muito presente no mundo dos ayahuasqueiros, e até na própria preparação da ayahuasca (lembremos o sentido do nome, o Vinho da Alma), são consagradas ou imantadas tanto a panela como cada camada de cipó e folhas com umas baforadas de fumaça.
Nos índios Huichols, no México, ele é associado ao uso do Peiote, sendo que, ao que parece, uma forma de purificação prévia. É igualmente queimado em forma de incenso como oferenda ou para defumação. E é também soprado aos quatro pontos cardeais em sessão xamânica.
Lembremos do ritual do "Cachimbo da Paz", em que ele (ou outras plantas) é fumado ritualmente, passando o cachimbo de um a um, estabelecendo uma corrente harmonia e união entre os participantes. A própria preparação dos cachimbos pelos xamãs segue todo um ritual, e esta pode demorar muitos e muitos dias. É fabricado tanto pelas mulheres como pelos homens.
Sabemos que o famoso xamã "Mestre irineu" as vêzes usava um charuto nas suas sessões, e devia ser especial...
No mundo afro-brasileiro e na Umbanda ele é muito presente também, sendo a planta dos Pretos-Velhos, que fumam em cachimbo, enquanto os caboclos de pena preferem os charutos, isto não sendo uma regra fixa. A fumaça é usada justamente nos passes, ajudando a efetuar as limpezas fluídicas de cargas negativas.
O ato de fumar, além de atuar como uma defumação, tem alguma função no próprio trabalho de incorporação da entidade, promovendo uma ligação com o plano astral (como pudemos ver anteriormente) , e facilitando o assentimento da energia espiritual no médium, além de ser um objeto de referência da entidade neste trabalho. Isto não é uma regra, e o uso do tabaco não é necessáriamente condizente com a mediunidade em sí, além de ser no caso o uso restrito a alguns tipos de entidades. Na verdade podemos reparar que o Tabaco traz com ele neste trabalho uma energia mais densa de alguma forma, mas pesada e de uma forte ligação com a terra, de "pés no chão" ( e a cabeça no espaco0, e assim lida adequadamente com energias mais pesadas...Lembremos da história da Helena Blavastsky, uma das fundadoras da Teosofia, que fumava cigarro para ficar em terra.
Bem a planta em sí é bonita, forte, de finas flores cor de rosa contrastando com uma certa aspereza das folhas; é justamente uma planta dos Pretos-velhos, e podemos tomar um banho destas se quisermos entrar em contato com esta energia, ou para outra finalidade. Porém não podemos usar o banho das folhas na cabeça, sendo as folhas mais de descarretgo, e até do povo-da-terra.
É uma planta de proteção que afasta a cobra dos quintais aonde é plantada; da mesma forma que ela protege quando se anda na mata, além de repelir insetos (fumando).
Agora temos que diferenciar bem o uso dessa planta em rituais, ou de um uso moderado e/ ou para algum fim mais condizente com a espiritualidade em nossa vida do uso comum que se dá no mundo com os cigarros industrializados. O cigarro é feito, podemos dizer "de cara" para viciar e alimentar vício.

RAPÉ

O rapé tem seu uso igualmente interessante. dentro da tradição indígena, o seu uso enquanto psicodélico ativo é feito em alguns casos, ingerindo quantidade relativamente importante graças a tubos de ossos eou madeira, sendo que uma pessoa sopra nas narinas da outra, dando um efeito poderoso. É também misturado com outrs plantas, e diferentes plantas psicoativas são usadas desta maneira nas culturas primitivas.
os caboclos usam rapés opara entrar na mata para se harmonizarem com os seres da floresta.
Seu uso mais comum atualmente é o rapé simples, e o associado a outras plantas. Assim a receita amazônica popular contém muitos outros ingrediantes como a Buchinha do Norte (sinusite), cravo, canela, cumaru-de-cheiro, copaíba, noz moscada e muitas outras. Cada um na verdade faz sua própria receita. Os ingredientes são torrados e faz-se um pó mais fino possível.