sábado, 16 de junho de 2012

A "nova" dieta do paleolítico.

As doenças crônicas não transmissíveis (DCNT), atualmente, incluindo as doenças cardiovasculares, diabetes melito tipo 2, obesidade, síndrome metabólica e câncer, são causas de morte e morbidade em todo o mundo. Evidências mostram que o estilo de vida e os hábitos alimentares são os principais fatores causais desta epidemia.

Padrões alimentares têm sido estudados e discutidos com o intuito de promoção da saúde e prevenção de doenças, surgindo então, discussões em torno da dieta do período paleolítico.

O homem do período paleolítico, denominados homens Cro-Magnon, eram altos e magros e a realizavam atividade física intensa, pois exercitavam-se diariamente para assegurar seus alimentos, água e proteção, sendo pouco provável a presença de obesidade androide e a existências de DCNT. Quanto ao tipo de alimentação eram onívoros (consomem alimentos de origem animal e de origem vegetal). As fontes de proteína da dieta eram carne de herbívoros, mamíferos marítimos, aves e peixes. Estima-se que o consumo diário de carne era em torno de 745g.

Embora o consumo aumentado de carne em dietas ocidentais tenha sido associado com o aumento do risco cardiovascular, a sociedade dos caçadores era relativamente livre dos sinais e sintomas de doença cardiovascular. Isso provavelmente deve-se ao fato de a carne de animais selvagens possuírem aproximadamente 2 a 4% de gordura por peso e contêm relativamente altos níveis de gordura monoinsaturada e ácidos graxos ômega-3, enquanto as carnes domésticas podem conter de 20-25% de gordura por peso, muito sob a forma de gordura saturada

As estimativas sugerem que os nossos ancestrais ingeriam entre 21 e 35% das calorias totais da dieta como gordura, entre 35 e 45% como carboidrato e cerca de 30 a 34% como proteína. Os carboidratos de frutas e hortaliças contribuíam com aproximadamente 50% da energia total enquanto hoje essa contribuição é em torno de 16%. Sendo assim o consumo de fibras era alto, chegando a 100g/dia.

Além das carnes, o homem paleolítico utilizava as nozes como uma fonte de alimento de alta densidade calórica e nutritivo. Esse comportamento alimentar é favorável à saúde, pois o consumo de 5 ou mais porções de nozes por semana está associado com a redução de 50% do risco de infarto do miocárdio.

Nossos antepassados paleolíticos bebiam quase exclusivamente água, onde a ingestão de 5 ou mais copos de água por dia está associada com um risco mais baixo de doença arterial coronariana. O consumo de açúcares era muito baixo, sendo que o mel contribuía com 2-3% da ingestão energética.

As mudanças nesse padrão alimentar tiveram inicio a parir do período Neolítico e com a evolução dos períodos as modificações foram constantes. Devido a diminuição de animais pelo aumento da caça, mudanças no clima, crescimento das populações, inicio da criação de animais, agricultura doméstica e mais a frente ainda a industrialização, onde houve aumento a quantidade de gorduras saturadas, de carboidratos complexos e, sobretudo, de açúcares simples, reduzindo o consumo de fibras.

Estas modificações nutricionais, em conjunto com o sedentarismo e o consumo de álcool, deram origem à obesidade andróide, com todas as suas consequências metabólicas e patológicas, as DCNT.

O maior desafio da dieta do paleolítico é sua colocação na prática. Na perspectiva da prevenção das doenças crônicas são aspectos positivos dessa dieta: a composição de gordura, a baixa carga glicêmica, o alto conteúdo de fibras, a presença equilibrada da maioria dos micronutrientes. Isto tudo ajustado à atividade física mais vigorosa poderia promover no homem moderno um equilíbrio conducente à saúde.

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